Resumo: |
Este trabalho busca investigar a hipótese de que a teoria dos Quatro Discursos de Jacques Lacan, construída em 1969-70, representa sua tentativa de tratar, formalmente, certas questões que lhe sobraram desde a teoria do Ato Psicanalítico que fora estabelecida pouco tempo antes. Dessa maneira, o texto parte da apresentação das relações de aproximação e afastamento entre as noções de discurso e de ato no interior do ensino de Lacan até o ano de 1968. Para isso, elege, como enquadramento dessas relações, as operações relativas ao sujeito no que toca sua constituição e percurso na experiência analítica, bem como a forma como isso se articula aos registros do simbólico e do real propostos por Lacan. Em seguida o trabalho propõe que a teoria do Ato Psicanalítico fez com que Lacan herdasse certas questões de ordem lógica e ética que lhe abriram espaço para a retomada da formalização a partir de concepções inovadoras a respeito da noção de estrutura em psicanálise. O texto pretende, então, acompanhar, segundo as formalizações de Lacan, como a teoria dos Discursos funda aquilo que ele mesmo denominou de campo lacaniano, um campo erguido sobre o que definiu como não relação sexual e que reflete o campo bipartido do gozo. Busca, por fim, evidenciar como o Discurso do Analista é a formalização do Ato Psicanalítico a partir da lógica da não relação sexual e examina como tal formalização porta implicações vi fundamentais para se pensar o terreno da ética a partir do que Lacan denomina como laço social |
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