D. Carlos: o duplo ficcional refletido na verdade histórica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Nemeth, Lilian Casalderrey Prochaska
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8150/tde-10082016-130503/
Resumo: Inserida no projeto Autor por Autor, que consiste na análise de textos teatrais cujo tema e/ou motivo trata(m) da História Portuguesa, esta dissertação dedicou-se à análise e interpretação das peças Pátria, de Guerra Junqueiro, e D. Carlos: drama em verso, de Teixeira Pascoaes, que trazem uma personagem ficcional criada a partir de D. Carlos, rei de Portugal entre os anos de 1889 e 1908. No diálogo travado entre a Ficção e a História, buscou-se a visão que Guerra Junqueiro e Teixeira Pascoaes tiveram do papel desempenhado por D. Carlos, rei de Portugal, durante a agonia da monarquia portuguesa, às vésperas do nascimento e fim da Primeira República. A pesquisa em torno da personagem histórico-real procura responder quem foi D. Carlos na representação de historiadores, com o objetivo de, depois de analisadas as peças, traçar paralelos entre as personagens ficcionais criadas à luz do D. Carlos histórico-real. Por meio desta comparação é possível perceber a escolha das características elencadas por cada escritor para compor as personagens ficcionais em decorrência da mensagem alegórica que cada texto ficcional possui, examinando em que medida a História surge como uma construção que muito deve à verossimilhança e interpretação subjetiva da Ficção. As personagens ficcionais, que representam o rei em cada uma das peças, parecem antagônicas entre si. A explicação para tal disparidade está intrinsecamente ligada ao drama histórico definido por Almeida Garrett durante o Romantismo Português, motivo de essa definição ter sido utilizada como ponto de partida para a metodologia escolhida para a análise das peças, posto que o exame dos textos literários encontrou uma releitura didática do presente à luz de alegorias criadas com a História de Portugal e por meio da tradição das escolas literárias nas quais se inserem, Decadentismo-Simbolismo (Pátria) e Saudosismo (D. Carlos: drama em verso). Para que tal caráter didático-elucidativo fosse revelado, fizeram-se necessárias as análises dos períodos históricos de elaboração e publicação de Pátria (1896) e D. Carlos: drama em verso (1918-1925). A análise da personagem foi fundamentalmente baseada nos estudos de Renata Pallottini em seu livro Dramaturgia: a construção da personagem, de onde foram elencados três pontos a serem estudados para compreender a construção das personagens que representam D. Carlos nas peças analisadas. Os três enfoques revelaram-se intrinsecamente interligados e determinantes para a escolha dos atributos da personagem histórico-real, utilizados para compor as personagens histórico-ficcionais que representam o rei em Pátria e D. Carlos. Os levantamentos históricos, as análises das peças e das personagens conduziram a dissertação à conclusão de que, em ambos os casos, D. Carlos era a personagem histórica mais emblemática para a construção da mensagem de cada peça, por ser ele o representante da monarquia nos períodos históricos que compuseram a unidade de ação, tempo presente, das peças aqui analisadas.