Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Andrade, Marcela Lança de |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: |
|
Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59141/tde-20112018-104908/
|
Resumo: |
A Obesidade é uma doença multifatorial que tem aumentado em incidência nos últimos anos. Considerar a família no contexto da Obesidade é fundamental para a compreensão de sua etiologia e manutenção. Diante disso, este estudo objetivou compreender a maneira como os pais de crianças obesas experienciam sua parentalidade e associar essas vivências ao desenvolvimento do Self do filho. Esta é uma pesquisa clínico-qualitativa que utiliza as Narrativas Transferenciais como estratégia metodológica e a psicanálise winnicottiana como referencial teórico. Os participantes são 5 famílias compostas de pai, mãe e filho(a) diagnosticado(a) com Obesidade. Foram realizados um encontro com os pais, no início do processo, para a apresentação da pesquisa e coleta de dados demográficos; outro com pai e mãe, separadamente, em que alguns cartões selecionados do Teste de Apercepção Temática Infantil - forma animal (CAT-A) foram apresentados para que, a partir da visualização das figuras, eles falassem sobre a experiência de ser pai/mãe de seu filho(a). Com as crianças, os mesmos cartões do CAT-A usados com os pais foram apresentados, solicitando que contassem uma história sobre cada um deles. Os dados foram qualitativamente analisados pelo método de livre inspeção do material, apresentados na forma de Narrativas Transferenciais e interpretados seguindo o referencial da Psicanálise winnicottiana. Todos os aspectos éticos foram contemplados e os nomes e sobrenome apresentados são fictícios. A análise das narrativas revelou que as crianças representam, por meio do engordar, a internalização dos conflitos familiares e a dificuldade na aquisição da autonomia. Pais e filhos demonstraram dificuldades para integrar os afetos no Self, principalmente os hostis projetando estes últimos no ambiente externo, por considerá-los ameaçadores para si mesmos e para o grupo familiar. As vivências parentais impactam diretamente no Self das crianças, pois os pais não conseguem auxiliar seus filhos no desenvolvimento da criatividade ao não se sentirem em condições de oferecer uma contenção firme e amorosa dos impulsos infantis, o que faria com que a espontaneidade pudesse existir sem ser sentida como um risco à harmonia familiar. Diante da necessidade de proteger o ambiente familiar, as diferenças entre os membros não são aceitas, pois seriam fontes eventuais de conflitos e colocariam em risco a manutenção do grupo. Sem possibilidades de diferenciação dos genitores, as crianças permanecem em uma relação de dependência com os pais e sentem-se pouco capazes de viverem no mundo externo, pois não podem contar com a criatividade para auxiliá-las nas dificuldades que surgirem. A capacidade simbólica não se desenvolve, pois o hipercontrole da agressividade não permite a separação da díade mãe e filho e a diferenciação entre eles. Cresce o receio nas crianças de que, ao romperem com a relação de dependência com seus pais, precisarão ser autônomas sem sentirem-se em condições para tal. As figuras parentais não podem ser introjetadas simbolicamente, mas apenas de uma maneira concreta: por meio da comida, a representação materna. A Obesidade infantil aparece como um sintoma para protegê-las do sentimento de que não podem existir verdadeiramente no mundo. |