Itinerários terapêuticos de pessoas que foram hospitalizadas por acidente vascular cerebral: as trajetórias singulares prévias ao evento

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Cardoso, Nathália Sigilló
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17139/tde-06122021-125354/
Resumo: A ocorrência de acidente vascular cerebral (AVC) e demais condições crônicas poderia ser reduzida por meio de cuidados prestados pelas unidades de atenção primária à saúde (APS), a qual deve ordenar as redes de atenção e ofertar cuidados contextualizados em um dado território. Os itinerários terapêuticos (IT), termo advindo da Socioantropologia, para avaliar a busca das pessoas por cuidados em saúde, que não necessariamente incluem o cuidado profissional, dão ênfase às maneiras como as pessoas encaixam suas vivências na assistência, com a definição de caminhos distintos. Os objetivos do presente estudo foram caracterizar pessoas que foram hospitalizadas por AVC e construir seus IT prévios, bem como contribuir na qualificação da atenção à saúde no Sistema Único de Saúde (SUS). Foram avaliados dados encontrados nos registros do único hospital do município e das respectivas unidades de APS que puderam ter sido frequentadas pelas 19 pessoas hospitalizadas por AVC em um período de três meses de movimentação típica. Esses dados, abordados por estatística descritiva; as notas de impressões da pesquisadora principal e as análises narrativas das entrevistas semiestruturadas presenciais compuseram os IT. Os resultados apontaram registros de 19 pessoas com dados escassos, pouco legíveis e, portanto, de difícil compreensão. Em sua maioria, eram idosos, com baixa escolaridade, pouca assiduidade às unidades e com três ou mais fatores de risco para o AVC. Os IT das dez pessoas entrevistadas revelaram baixa condição socioeconômica; pouca prioridade das pessoas para cuidados com saúde; baixo vínculo com as unidades antes do AVC; busca equivocada por assistência no momento do AVC; pouco conhecimento sobre o AVC, seus fatores de risco e sinais/sintomas; e relatos de fatores emocionais e condições de trabalho precárias antes do AVC. Revelou-se a existência de poucas ações de promoção de saúde; baixa autonomia dos entrevistados; impasses à criação de vínculos entre trabalhadores e usuários; e cuidado em saúde descoordenado, apesar da garantia da atenção hospitalar diante do AVC. São imperativas as necessidades voltadas à superação do modelo biomédico nas práticas de saúde, com menos culpabilização individual e mais ações coletivas e intersetoriais, considerando-se a determinação social das doenças. A influência de gestores e trabalhadores de saúde comprometidos com a saúde pública sob uma perspectiva integral de produção do cuidado pode proporcionar um olhar mais abrangente para os problemas de saúde, com o fortalecimento da APS, das políticas sociais e do papel do SUS na sociedade.