Mexilhões do entre-marés como engenheiros ecossistêmicos: manutenção de comunidades de invertebrados em meio a gradientes de estresse

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Bogdanski, David
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41134/tde-26112024-140553/
Resumo: Espécies que formam estruturas biogênicas complexas podem expandir o espaço de nicho para muitas outras e se assume que são fundamentais para a estabilidade de comunidades e o funcionamento de ecossistemas. Por melhorarem as condições físicas locais, espécies consideradas engenheiras ecossistêmicas devem se tornar mais importantes com o aumento do estresse ambiental. Entretanto, testar esta hipótese se provou difícil porque isolar os efeitos da facilitação ecológica ao longo de um gradiente de estresse inteiro é desafiador. Aqui analisamos comunidades de invertebrados móveis associados a bancos de cracas ctamalídeas do mesolitoral em quatro costões rochosos, nas condições com (facilitado) e sem (controle) uma cobertura secundária natural de pequenos mexilhões (Mytilaster solisianus and Brachidontes darwinianus). Seguindo um delineamento fatorial equilibrado, amostras replicadas foram coletadas em três alturas do mesolitoral, contemplando um claro gradiente de estresse térmico e potencial de dessecação ao longo do intervalo vertical da zona enriquecida pelos mexilhões. Enquanto as observações de abundância geral foram majoritariamente consistentes com a facilitação independente de estresse, os resultados para a riqueza, diversidade e estrutura da comunidade indicaram respostas dependentes de estresse. Todas essas últimas três variáveis decresceram de maneira constante do nível baixo ao alto do habitat controle das cracas, mas permaneceram inalteradas no habitat facilitado pelos mexilhões. A maior facilitação na porção mais alta do costão se vê majoritariamente pela retenção de grupos vulneráveis ao estresse, como poliquetas, platelmintos, e nematódeos maiores, que praticamente desaparecem nas partes mais altas do ambiente controle, indicando que os mecanismos da facilitação por mexilhões envolvem o desagravamento do estresse ambiental mais do que proteção contra consumidores de maior ordem. Nossos resultados sugerem que a facilitação ecológica por mexilhões foi totalmente preservada durante o verão, quando as coletas foram realizadas. Mais pesquisas simulando ondas de calor compatíveis com cenários de mudanças climáticas vão testar se a facilitação por mexilhões prevaleceria no decorrer das próximas décadas.