Resumo: |
Literato, editor de revistas, crítico de arte, galerista, militante anarquista, colecionador, Félix Fénéon (1861-1944) é uma figura emblemática da passagem das expressões modernas da segunda metade do século 19 – naturalismo, impressionismo, simbolismo – às vanguardas tal e qual se constituíram no início do século 20. Essa tese percorre sua trajetória defendendo que sua própria vida multifacetada já é a expressão de um mundo que rompeu com antigas formas sociais e categorias estéticas. Com uma revisita crítica à sua biografia, a tradução inédita de 12 de seus artigos ao português, esse estudo revisita alguns dos debates estéticos aos quais Fénéon esteve diretamente vinculado: o simbolismo e as revistas literárias na Belle Époque, o neoimpressionismo de Seurat e Signac, os dilemas do movimento anarquista na década de 1890; o uso da forma breve e as fronteiras entre o jornalismo e a literatura nas Nouvelles en trois lignes; e seu interesse pelas as artes então ditas \"primitivas\" (advindas dos países coloniais) – um debate que se estende, com novos contornos, até nossos dias. Por fim procura entender por que a escolha de Fénéon, depois de uma juventude engajada em todos os sentidos, é pelo silêncio, propondo que a aventura e a auto-invenção características da modernidade são também uma porta aberta para angústia, a desorientação e, no limite, o silenciamento. |
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