Associação entre os sintomas e a topografia das lesões da endometriose pélvica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Rocha, Tainá Pezzin
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5139/tde-26042023-123600/
Resumo: Introdução: A endometriose acomete cerca de 10 a 15% das mulheres em idade reprodutiva e tem como principais sintomas: dismenorreia, dispareunia de profundidade, dor pélvica acíclica, sintomas intestinais e urinários cíclicos e infertilidade. A maioria dos estudos que avaliam a associação entre os sintomas e a topografia das lesões de endometriose possui pequenas amostras, metodologia heterogênea, além de resultados discordantes. Entretanto, na prática clínica é comum que a ressecção de lesões em determinadas topografias ocasione a melhora de sintomas específicos, o que confirma a necessidade de elucidar essa associação. Objetivo: Avaliar a associação entre os sintomas e a topografia das lesões de endometriose. Métodos: Estudo retrospectivo incluindo 1116 pacientes submetidas à laparoscopia para tratamento de endometriose entre 2009 e 2019, provenientes do Setor de Endometriose da Divisão de Ginecologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e da Clínica Medicina da Mulher. Para a avaliação dos sintomas, as pacientes foram divididas em dois grupos conforme a intensidade dos sintomas na escala visual analógica de dor: escore <7 e escore 7, de acordo com questionário realizado no pré-operatório. As topografias das lesões foram descritas no pós-operatório e as pacientes divididas conforme o estadiamento da r-ASRM (1997), a classificação da doença (superficial, ovariana e profunda), os compartimentos acometidos (anterior, posterior e lateral) e o tamanho das lesões (<1 cm, 1 e <3 cm, 3 cm). Os dados coletados foram tabulados e posteriormente submetidos à análise estatística. Foram considerados significativos valores de p0,05. Resultados: Após a análise multivariada foi encontrada associação entre dismenorreia 7 e endometriose de retossigmoide e tubas (OR=1,53; IC 1,12-2,09; p<0,01 e OR=1,93; IC 1,25-2,99; p<0,01, respectivamente); dispareunia 7 e endometriose de retossigmoide (OR=1,54; IC 1,19-1,98; p<0,01); dor pélvica acíclica 7 e endometriose de tubas (OR=1,47; IC 1,06-2,03; p=0,02); disquezia 7 e endometriose de vagina, ureter e retossigmoide (OR=1,46; IC 1,05-2,03; p=0,02, OR=1,90; IC 1,04-3,49; p=0,04; OR=2,29; IC 1,74-3,00; p<0,01, respectivamente); disúria 7 e endometriose de bexiga, tubas e intestinal direita (OR=6,46; IC 3,75-11,13; p<0,01, OR=1,61; IC 1,01-2,55; p=0,04, OR=1,64; IC 1,02-2,65; p=0,04, respectivamente); infertilidade e endometriose de peritônio, vagina, retossigmoide e tubas (OR=1,70; IC 1,14-2,53; p<0,01, OR=1,88; IC 1,14-3,10; p=0,01, OR=1,60; IC 1,09-2,35; p=0,02 e OR=2,21; IC 1,37-3,54; p<0,01, respectivamente). Os sintomas dismenorreia, dispareunia, disquezia e disúria com intensidade 7 apresentaram associação com maior frequência de endometriose profunda e menor frequência de endometriose superficial (p=0,01; 0,04; <0,01 e 0,02; respectivamente). Já a endometriose ovariana não demonstrou correlação com nenhum dos sintomas. Além disso, foi observada associação entre o acometimento de múltiplos compartimentos pela endometriose profunda e maior chance de ocorrência de sintomas dolorosos severos e infertilidade. Conclusões: Este estudo confirma a associação entre as diferentes topografias das lesões de endometriose e sintomas específicos, além da influência do número de compartimentos acometidos pela endometriose profunda na severidade dos sintomas dolorosos e na chance de infertilidade