Endometriose profunda : achados clínicos, epidemiológicos e ultrassonográficos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: FERNANDEZ, Cicília Fraga Rocha Pontes
Orientador(a): FIGUEIREDO, José Luiz de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Cirurgia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/45495
Resumo: A endometriose profunda (EP) ocorre quando tecido semelhante ao endométrio infiltra estruturas abaixo da superfície peritoneal ou a camada muscular de órgãos como o intestino, o ureter, a bexiga ou a vagina. As mulheres portadoras de EP costumam apresentar sintomas álgicos e infertilidade, que são agravados pelo diagnóstico tardio. A ultrassonografia pélvica transvaginal com preparo intestinal (USTVPI) é capaz de mapear e caracterizar precocemente as lesões de EP. Este estudo objetiva analisar os achados clínicos, epidemiológicos e ultrassonográficos de mulheres com EP. No período de maio de 2019 a maio de 2021, 398 mulheres responderam a um questionário clínico direcionado para portadoras de endometriose, imediatamente antes de se submeterem ao exame de USTVPI; 227 apresentaram EP e foram incluídas na pesquisa. O nível de dor das queixas álgicas foi avaliado pela escala visual analógica (EVA). A USTVPI foi realizada com base nas recomendações do International Deep Endometriosis Analysis (IDEA) group (2016), sendo acrescidos o uso de gel vaginal e grau de semirrepleção vesical. Foram utilizadas medidas de tendência central e dispersão para análise dos sintomas álgicos. As demais características e os achados ultrassonográficos foram apresentados em forma de tabela com suas respectivas frequências absoluta e relativa. Os níveis médios dos sintomas álgicos pela escala de EVA foram 7,1 para dor geral no período menstrual, 6,9 para dismenorreia, 4,3 para disquezia menstrual, e 4,2 para dispareunia. Infertilidade acometeu 43,8% das pacientes, 10,4% tinham antecedentes de múltiplas cirurgias, e apenas 6,8% haviam realizado fisioterapia para assoalho pélvico. Em relação aos locais de implantes de lesões endometrióticas, 87,6% das pacientes tinham lesões no espaço retrocervical; 54,0%, no intestino; 35,0%, no espaço retrouterino; 29,1%, no espaço retovaginal; 13,7%, na vagina; 6,7%, na bexiga; e 1,3%, no ureter. Endometrioma estava presente em 44,9% delas. A alta prevalência de infertilidade e os níveis elevados de dismenorreia, dispareunia e disquezia menstrual causam impacto negativo na qualidade de vida dessas mulheres. A alta incidência de múltiplas cirurgias e a baixa frequência de realização de fisioterapia pélvica na população com EP diferem das recomendações de tratamento ideal atualmente estabelecidas e refletem dificuldade de acesso das portadoras a centros especializados. O acometimento de EP na região retrocervical, presente na maioria das pacientes, reforça a necessidade de capacitação dos ultrassonografistas na avaliação dessa região de forma rotineira, como estratégia para diagnóstico precoce da EP. O frequente acometimento intestinal reforça a necessidade de avaliação multidisciplinar, em especial do coloproctologista.