Interiorização de cursos e vagas de graduação em Medicina e movimentação territorial de médicos no Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Almeida, Cristiane de Jesus
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5137/tde-17082022-103143/
Resumo: Introdução: O Brasil assiste ao aumento expressivo da quantidade de médicos em função da abertura de novos cursos e vagas de graduação de Medicina, movimento induzido por legislações e políticas setoriais. Embora o país tenha ultrapassado a marca de meio milhão de médicos em 2020, a desigualdade na distribuição geográfica dos profissionais persiste. A maior descentralização de escolas médicas (EMs), para além das capitais, é fenômeno recente, cujas características e consequências são ainda pouco conhecidas. Um grande desafio para gestores de educação e saúde é garantir que a interiorização do ensino da Medicina seja acompanhada da interiorização de médicos, aproximando profissionais recém-formados de regiões e localidades historicamente desprovidas de assistência em saúde. Objetivos: descrever a evolução, as características e a distribuição da oferta de cursos e vagas de graduação de Medicina no Brasil; e avaliar possíveis fatores de permanência territorial ou migração interna de médicos formados no Brasil entre 2009 e 2019. Métodos: foram utilizadas as bases de dados de médicos do estudo Demografia Médica no Brasil; e de escolas médicas do Cadastro e-MEC. Os municípios sedes das EMs, assim como o endereço cadastral (EC) dos médicos, foram agrupados em Capitais (G1), Regiões Metropolitanas (G2) e Interior (G3). O desfecho de interesse do estudo foi denominado Movimento de Interiorização (MI), que consiste na permanência ou deslocamento de médicos para municípios do interior. Um Modelo Linear Generalizado foi construído para analisar a influência da interiorização de cursos e vagas de Medicina e outras características das EMs como possível fator de permanência e migração interna de médicos no Brasil. Resultados: foram incluídos 155.011 indivíduos formados em 197 EMs consideradas no estudo, que correspondem a 180.091 registros de médicos em Conselhos Regionais de Medicina (CRM). Destes, 40,9% estavam localizados no interior, segundo EC informado. Dois terços dos médicos (69,3%) estavam ativos na mesma UF (CRM) em que haviam cursado a graduação. O Movimento de Interiorização dos médicos foi de 70,2% para escolas médicas localizadas no interior, significativamente superior ao verificado para as escolas das capitais (17,7%) e das regiões metropolitanas (22,9%). No modelo final, o grupo (G1, G2 ou G3) do município sede da escola médica se manteve como única variável explicativa. As demais variáveis que obtiveram associação com o desfecho perderam significância junto a esta variável. Conclusão: concluiu-se que a localização do curso de Medicina é a provável mediadora da relação entre o Movimento de Interiorização dos médicos e as demais variáveis estudadas. Os resultados podem subsidiar o planejamento e a avaliação de políticas públicas voltadas à abertura de cursos e vagas de Medicina e a melhor distribuição e provimento de médicos no território nacional