Coreoescrituras: texto e dança em diálogo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Bruno, Laura Junqueira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27156/tde-07112017-153905/
Resumo: Ao atender o telefone no fim de 2009, ouvi uma voz feminina com sotaque anunciando, \"Aqui é Sheila Ribeiro\". \"O QUÊ?!\", quase caí para trás. Ela estava me convidando para integrar e escrever textos para seu projeto 7x7. Após alguns segundos de hesitação, aceitei. Há vinte e cinco meses eu não criava um texto original, mas com a ajuda de vários autores, com quem estudei desde 1992 e ainda estavam firmes e fortes, vasculhei meus arquivos, me debrucei sobre velhos cadernos e fotos antigas, texto-coreografei um material novo, acrescentei alguns pronunciamentos famosos e outros nem tanto, que seriam ditos a partir das coreografias. Fiz um mix de nove textos curtos que depois intitulei coreoescrituras. A referência às vanguardas e seus proverbiais - hoje disseminados - procedimentos artísticos foram intencionais, é claro, embora as frases venham tanto de um poema concreto como de uma canção popular e isso também já foi usado por Jérôme Bel no título de sua coreografia de 2001, The show must go on. O período de seis anos com o 7x7 na Bienal SESC de Dança e no Festival Contemporâneo de Dança foram maravilhosos. Eu amo trabalhar com os coreógrafos. Eles sabem exatamente o que são capazes de fazer e por que estão onde estão. Eles estão acostumados a dar duro e à limitada recompensa material que o trabalho traz. O 7x7 fez turnê por vários festivais no Brasil antes de ser premiado pela APCA na categoria iniciativa em dança, em 2014. O restante da tese é um amálgama de clipes de diálogos e falsas entrevistas em que eu mesma, Jérôme Bel e Xavier Le Roy, entre outros, nos alternamos no meu papel à medida que encenamos trechos de conversas originalmente ocorridas comigo e vários artistas e autores. Coreoescrituras - texto e dança em diálogo faz parte de uma pesquisa interminável que se originou na interação entre coreografia e escrita e inclui minha trajetória artística combinando fragmentos de dança e textos que abordam o embate entre arte e política no novo milênio. Ao editá-la descobri as maravilhas das estratégias de apropriação. Posso dizer francamente que nunca me diverti tanto. O elenco e a equipe racharam de rir, eu mais que todos. Desde 2002 tem havido mais remontagens e reconstruções. Fantasio sobre uma nova coreografia a partir de quatro extratos de peças icônicas. Em algum momento no meio disso, uma horda invade o palco em uma revolta política. Durante alguns anos depois de 2011, ano em que parei de performar e coreografar espetáculos - minha cabeça ainda inundada em imagens de movimentos - eu oferecia por brincadeira ideias de coreografias para outros coreógrafos. As imagens ressurgiram nos anos seguintes, em que me envolvi com a escrita. Não sei o que essa relação/oposição entre palavra e corpo significa ou pretende. Ao retornar à dança nos anos 2000, eu parei de escrever. E então novamente a linguagem do movimento suplantou a linguagem verbal. Falo comigo mesma, \"Não se preocupe. A mente trabalha por meios misteriosos, mais misteriosos ainda que o corpo\". O corpo declina, a mente continua a produzir linguagem. Aguardo ansiosamente as perambulações de ambos - mente e corpo - pela próxima década. Sendo assim, esta tese pode ser lida como outra coreografia.