Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2017 |
Autor(a) principal: |
Rodrigues, Vanúzia Almeida |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-27032018-171249/
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Resumo: |
Este trabalho trata da circulação de notícias do maxixe brasileiro nos jornais estadunidenses no começo do século XX. Os periódicos colhidos no repositório Newspaperarchive foram sistematizados nos moldes de um corpus documental. Este foi o principal objetivo do trabalho ora apresentado: produzir um instrumento de pesquisa através da construção de uma coletânea com todas as matérias a respeito do maxixe brasileiro, publicadas nos jornais dos Estados Unidos, na forma de anúncios, artigos, contos, notas, notícias e poemas, entre 1906 momento em que encontramos a primeira notícia focalizando o tema , e o final dos anos 1930, quando já vinha se desenvolvendo no Brasil uma música tipicamente nacional e os produtos da cultura brasileira já tinham circulado pelo mundo, especialmente Europa e Estados Unidos. No período estudado, música popular é música de divertimento, feita para dançar. Dançar nos salões do Brasil, nos dancings de Paris, nos ballrooms americanos, mais do que moda, era uma forma de participar da sociedade, de se inteirar das novidades, dos passos mais conhecidos, afinal a música popular e a dança coreográfica são expressões artísticas que transitam entre as diferentes classes sociais. O maxixe nasceu miscigenado, reflete a misturada de ritmos e gêneros, presentes no Brasil desde o século XVIII, como o batuque, o lundu (ambos de matriz africana). Mas, recebeu também forte influência de gêneros europeus como a modinha, e mais tarde da polca (século XIX) e do choro uma invenção brasileira. Como toda dança, causou escândalo quando surgiu, em virtude dos movimentos considerados ousados, extravagantes e lascivos. Pouco a pouco, os passos exibidos nos cabarés do Rio de Janeiro transformaram-se, adequando-se aos ambientes dignos da sociedade brasileira, e é assim que passam a ocupar os salões frequentados pelas classes mais abastadas. No eixo internacional, Paris foi a bússola que orientou e pautou os códigos de comportamento no mundo inteiro, principalmente durante a Belle Époque. As viagens de músicos, agentes, mecenas etc. e de objetos sonoros através do Atlântico são vistas pela perspectiva da transculturação. O contato entre grupos de culturas diferentes contribui para que os artistas e sua arte se transformem e isso ocorre independente do processo de dominação econômica, uma vez que todos passam por mudanças (dominados e dominantes). Por outro lado, o conceito de triangulação é apropriado para compreender o modo como circulam os objetos sonoros e dançantes, e proporciona o mapeamento dos lugares por onde transitaram tais objetos, colaborando para a percepção dos aspectos que estão em jogo na circulação deles. Nos Estados Unidos, as escolas, as universidades e a técnica, de um lado; e a família e os professores de dança, de outro, foram centrais ao processo de branqueamento que permitiu a aceitação do maxixe. Por outro lado, o teatro de caráter trovadoresco - onde se inclui o vaudeville e, mais tarde, os musicais no teatro e no cinema, colaboraram para que a música e a dança maxixe continuassem presentes naquele país, avançando além dos anos 1930. A difusão do maxixe obedeceu à lógica da indústria cultural, articulando-se aos mecanismos de reprodutibilidade próprios do mercado. |