Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Bassan, Vitor Leonardo |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/60/60140/tde-06042022-144252/
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Resumo: |
Neoplasias Mieloproliferativas (NMP) são desordens hematológicas clonais caracterizadas pela hiperproliferação e acúmulo de células mielóides precursoras e maduras na medula óssea e no sangue periférico. As NMP BCR-ABL1 negativas avaliadas, neste estudo, foram a Policitemia Vera (PV), Trombocitemia Essencial (TE) e Mielofibrose Primária (MF). A fisiopatologia destas doenças está associada à presença de mutações envolvendo os genes Janus Kinase 2 (JAK2), Calreticulina (CALR), receptor de trombopoetina (MPL) e alterações de complexos epigenéticos. Apesar da hematopoese desregulada nas NMP ser atribuída principalmente às mutações genéticas na célula-tronco hematopoética, anormalidades no sistema imune e nas células que compõem o microambiente medular parecem contribuir para a fisiopatologia destas doenças. Recentemente, as NMP foram consideradas doenças pré-leucêmicas oncoinflamatórias, visto que os pacientes possuem níveis de citocinas, quimiocinas e marcadores inflamatórios elevados no plasma e medula óssea, e, portanto, apresentam um estado de atividade inflamatória exacerbada, fator que contribui para a instabilidade genética e alterações cardiovasculares. As subpopulações de monócitos humanos, subdivididas em clássicos, intermediários e não clássicos, têm sido envolvidas na gênese e na modulação de condições inflamatórias crônicas, autoimunes e neoplásicas. Embora estudos evidenciem a presença de monocitose em pacientes com NMP, o perfil imunofenotípico dos monócitos nestas doenças ainda não foi elucidado. Nesse contexto, o presente trabalho caracterizou o perfil imunofenotípico e molecular dos monócitos do sangue periférico de pacientes com PV, TE, MF e indivíduos saudáveis. Os monócitos do sangue periférico foram isolados e submetidos à imunofenotipagem para determinação da frequência de subpopulações circulantes e da densidade de expressão dos marcadores CD56, CD64, CD80/86 e HLA-DR. Foi quantificada a concentração plasmática do marcador CD163 solúvel por ELISA e o transcriptoma dos monócitos foi analisado \"in silico\". Em comparação aos controles, pacientes com PV, TE e MF apresentaram maior frequência de monócitos intermediários e não clássicos e menor frequência de monócitos clássicos. Foi identificada maior frequência de monócitos expressando HLA-DR nas três doenças, indicativo de alta ativação celular, ao passo que a expressão de CD80/86 foi menor nos monócitos de pacientes com PV e TE do que nos pacientes com MF e controles, indicando que, nestas doenças, parece haver menor estímulo do processo de coestimulação. A frequência de monócitos positivos para o marcador aberrante CD56 foi maior nas três NMP, principalmente na MF. A concentração plasmática de CD163, indicadora de ativação de monócitos, está elevada nos pacientes com PV, TE e MF. A análise do transcriptoma de pacientes com NMP revelou diferentes assinaturas imunológicas entre pacientes com PV, TE e MF, além de indicar a ativação de vias inflamatórias nos monócitos, possíveis alterações no metabolismo celular, na regulação da apoptose, atividades associadas à coagulação e ao estado pró-trombótico, à interação com neutrófilos e plaquetas, além de genes associados à atividade de interferons do tipo I e do tipo II. Em conjunto, os resultados obtidos sugerem que o aumento na frequência de monócitos intermediários e não clássicos contribui para o processo de oncoinflamação nas NMP. PV e TE compartilharam monócitos com perfis imunofenotípicos similares, marcados por alta ativação e menor potencial co-estimulatório. O aumento na frequência de monócitos CD56 positivos sugere a existência de um processo de imunovigilância mediado pelos monócitos nas NMP, visto que estas células estão associadas à indução da atividade citotóxica e resposta imune antitumoral. Em conclusão, os monócitos parecem ser influenciados pelas alterações fisiopatológicas desencadeadas pelo processo neoplásico nas NMP e podem ser considerados como potenciais alvos de investigação para intervenções farmacológicas nestas doenças. |