Condições sanitárias da assistência odontológica na cidade de Cariacica, Estado do Espírito Santo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2004
Autor(a) principal: Bortolotti, Márcia Gabriella Lino de Barros
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6135/tde-16092021-125527/
Resumo: Milhares de pessoas procuram serviços odontológicos cotidianamente e nesses serviços são realizados procedimentos que podem expor as pessoas a riscos variados. Controlar esses riscos é atribuição precípua da Vigilância Sanitária em articulação com os demais agentes institucionais e comunitários, entre os quais, os órgãos federais, estaduais e municipais, conselhos profissionais e órgãos de defesa do consumidor. Por essa razão é imprescindível conhecer as condições sanitárias desses estabelecimentos. O objetivo desse estudo foi descrever as condições sanitárias dos estabelecimentos de assistência odontológica do município de Cariacica no Estado do Espírito Santo. Dados relativos ao respondente, tipo de estabelecimento, área física, ambiente, equipamentos, e materiais necessários à biossegurança, radioproteção, tratamento e destino dos resíduos contaminados foram obtidos em todos os serviços de assistência odontológica públicos e privados registrados na Divisão de Vigilância Sanitária e Ambiental e no cadastro mobiliário da Secretaria de Finanças do município. Além disso, foi possível identificar e visitar vinte estabelecimentos não registrados nesses sistemas de referência operados por \"dentistas práticos\". A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo em 12.08.2003, de acordo com os requisitos da Resolução CNS/196/96. Com base em um roteiro especialmente formulado e mediante a técnica da observação direta, examinadores devidamente treinados, visitaram todos os estabelecimentos, solicitando autorização do responsável para a realização da observação. Os dados foram transcritos e apurados empregando-se o programa Epi-Info 6.04. As condições sanitárias foram analisadas separadamente e valores correspondentes à freqüência absoluta e relativa de cada variável foram obtidos. Além desse procedimento, para analisar em conjunto as medidas de controle de infecção adotadas em cada estabelecimento, um indicador composto por dezenove variáveis denominado de índice de Controle de Infecção (ICI) foi construído, sendo que quanto menor o seu valor, maior o grau de controle de infecção. Foi realizada análise estatística considerando-se o nível de 5% para a rejeição da hipótese de nulidade (p<0,05). Foram observados 113 estabelecimentos, estratificados de acordo com a fonte de financiamento e o tipo de respondente, sendo 11 públicos, 64 particulares autônomos e 18 empresariais e 20 operados por \"dentistas práticos\". A maior concentração de estabelecimentos de assistência odontológica no município foi encontrada no bairro de Campo Grande (54%). Dos bairros com registro de assistência odontológica, 2/3 (14) possuíam consultório sem profissional graduado. Dos serviços com condicionamento do ar, ¾ não possuíam documentação relativa à última limpeza do filtro e manutenção do aparelho. Os consultórios que possuíam um lavatório específico para higiene das mãos e outro para lavagem dos instrumentos representaram 61,1 % (69) do total. Em cerca de 40% não foi encontrado saco branco leitoso. Dos 81 estabelecimentos que tinham equipamentos de radiologia odontológica, 12 (14,7%) não apresentaram o avental de chumbo, e cerca de 10% não contavam com biombo ou distância de 2,0m do feixe de Raio X para proteção do operador. Dos estabelecimentos, 61,1% possuíam estufa, 17,7% autoclave e 19,5% ambos. Os dois restantes (1,8%) que não apresentaram recurso de esterilização a calor pertenciam a \"dentistas práticos\". A proporção de posse de alvará de licença sanitária foi maior nos serviços cujos respondentes tinham 11 ou mais anos decorridos após a graduação (p<0,05). Entre os profissionais mais maduros (média de 17,9 anos após a graduação) não foi encontrado recipiente de paredes rígidas para descarte do material pérfuro-cortante (p<0,001). O grau de controle de infecção, nos estabelecimentos mantidos por dentistas não licenciados (XICI=23,05, dp=11,86 ) foi quatro vezes pior ao melhor valor observado nos estabelecimentos particulares empresariais (XICI=6,17; dp=4,91). Em condição intermediária, localizaram-se os serviços públicos (XICI=16,27; dp=6,96) e os particulares autônomos (XICI=7,02, dp=5,06). As informações produzidas permitiram concluir que existe uma profunda divisão nas condições sanitárias da assistência odontológica oferecida à população provavelmente determinada pelas características de desenvolvimento do sistema econômico, do sistema de saúde, e da profissão odontológica na cidade de Cariacica, onde uma parcela significativa da população, que depende de assistência odontológica oferecida por estabelecimentos operados por \"dentistas práticos\", está exposta a condições sanitárias de elevado risco à infecção cruzada provocada pela inexistência de barreiras à transmissão de agentes de doenças infecciosas.