Nova dosagem de testosterona transdérmica em gel previamente à estimulação ovariana controlada em pacientes potencialmente más respondedoras: resultados preliminares

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Chico, Paula Luiza Muzetti De
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17145/tde-23082020-103908/
Resumo: A má resposta à estimulação ovariana controlada (EOC) está associada a reduzida chance de gravidez após o uso das técnicas de reprodução assistida (TRA). Alguns estudos sugerem um potencial efeito benéfico da testosterona transdérmica utilizada previamente à EOC, sobre as taxas de nascidos vivos em más respondedoras. Todavia, dúvidas persistem sobre a eficácia e segurança da intervenção, assim como a dose e tempo de uso mais adequados. O objetivo primário deste estudo foi avaliar os efeitos adversos e as concentrações séricas de testosterona (total e livre), SHBG, estradiol e o índice de androgênios livres (IAL) após a administração transdérmica em gel de uma nova dosagem de testosterona (25mg a cada 48 horas) por 60 dias antes da EOC para injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI) em pacientes potencialmente más respondedoras. Inicialmente, as pacientes foram submetidas à EOC, iniciada no segundo ou terceiro dia do ciclo menstrual não programado, utilizando um dos dois protocolos padronizados no serviço (Ciclo Controle - CC). As pacientes que não engravidaram no CC utilizaram testosterona transdérmica (25 mg a cada 48 horas) associada a contraceptivo oral combinado (COC - Level®) por 60 dias antes da segunda EOC, realizada com o mesmo protocolo de EOC do CC (Ciclo Testosterona - CT). Dessa forma, cada paciente foi seu próprio caso-controle. As coletas de sangue foram realizadas antes do início da primeira EOC (D1), no dia da primeira recuperação dos oócitos (D2), no dia do início da testosterona (D3), 60 dias após o uso de testosterona + COC (D4) e no dia da segunda recuperação de oócitos (D5). As concentrações séricas de testosterona total foram avaliadas pelo método de cromatografia líquida de alta performance acoplado à espectrometria de massa em tandem e testosterona livre e o IAL foram calculados. O estradiol foi avalido pelo método de imunoensaio competitivo por eletroquimioluminescência e a SHBG pelo método eletroquimioluminométrico. A comparação entre os dias de coleta de sangue e os grupos para cada variável foi realizada considerando os contrastes ortogonais usando o modelo de regressão linear de efeitos mistos, utilizando o programa SAS versão 9.4. Seis pacientes participaram de ambos os ciclos e realizaram coleta de sangue para dosagens hormonais nos cinco momentos, sendo avaliadas. Os efeitos adversos relatados, representados por sangramento vaginal irregular (6 pacientes), sensibilidade mamária (2/6 pacientes) e pele oleosa e acne (1/6 pacientes), foram leves e não interferiram com o uso regular da medicação. Observamos concentrações significativamente maiores de testosterona total e livre em D4 do que em D1 (respectivamente, p = 0,009 e p = 0,041) e em D3 (respectivamente, p = 0,010 e p =0,031). O IAL também foi significativamente maior em D4 do que em D1 (p = 0,041) e em D3 (p = 0,031). As concentrações de estradiol foram significativamente maiores em D2 do que em D1 (p < 0,001) e em D5 do que em D3 (p = 0,001) e D4 (p = 0,002). As concentrações de SHBG foram significativamente menores em D1 do que em D4 (p = 0,028). A nova dose de testosterona transdérmica em gel, utilizada por 60 dias antes da EOC, associada ao COC, em pacientes potencialmente más respondedoras se mostrou bem tolerada, promovendo efeitos adversos leves, principalmente representados por sangramento vaginal irregular. Apesar da administração da testosterona em gel ser associada ao uso de COC, promovendo aumento da SHBG, observamos concentrações significativamente maiores de testosterona total e livre após a sua administração do que as observadas em condições basais antes da primeira e da segunda EOC. Como esperado, as concentrações séricas de estradiol foram significativamente maiores após a EOC, tanto sem como após o uso da testosterona transdérmica. Estudos bem delineados são necessários para avaliar os desfechos reprodutivos associados a esta nova intervenção.