Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Teixeira, Raiane Pina Crêspo |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5135/tde-28092021-112205/
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Resumo: |
A Síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma doença endócrina comum e complexa que afeta cerca de 7%-15% das mulheres na idade reprodutiva. A SOP cursa com um conjunto de manifestações clínicas tais como hirsutismo, infertilidade, disfunção menstrual, obesidade, complicações metabólicas e aumento do risco cardiovascular. A heterogeneidade clínica da SOP sugere que sua etiologia seja multifatorial, porém, a presença de uma alta prevalência entre familiares de primeiro grau indica um forte componente genético. Os estudos de associação genética de escala genômica [Genome Wide Association Study (GWAS)], ferramentas importantes para estudos de doenças complexas, identificaram loci de suscetibilidade contendo genes candidatos associados à etiopatogenia da síndrome. Alguns desses genes estão envolvidos no eixo reprodutivo e no metabolismo da glicose, o que os tornam fortes candidatos. No entanto, os achados de GWAS explicaram menos de 10% da herdabilidade da SOP. Uma das hipóteses para essa baixa taxa é a presença de variantes raras de maior impacto biológico e que não são detectadas pelos estudos de GWAS. Os objetivos desse projeto são pesquisar a presença de variantes patogênicas raras em genes candidatos envolvidos na etiologia da SOP por um painel de genes construído a partir dos genes envolvidos na foliculogênese ovariana, nas vias de síntese dos esteroides, ação de gonadotrofinas e sinalização da insulina; e identificar novos genes candidatos por meio de sequenciamento exômico global em um grupo selecionado de pacientes com SOP. Métodos: foram selecionados dentre o grupo de mulheres com SOP os seguintes grupos: a) casos familiares de SOP; b) pacientes com SOP e aumento dos andrógenos adrenais; c) SOP associada a amenorreia primária; d) SOP associada a resistência insulínica grave e/ou DM precoce; e) SOP normoandrogênico. O sequenciamento dos genes selecionados foi realizado por meio de sequenciamento em larga escala utilizando um painel gênico utilizado para diagnóstico de diferentes doenças endócrinas. Os casos familiares de SOP foram estudados por sequenciamento exômico global. A seleção das variantes seguiu um papeline que priorizou variantes raras em bancos de dados internacionais e nacionais, e que determinavam perda de função da proteína (LoF) ou estavam preditas como patogênicas nas plataformas de predição in silico. Todas as variantes foram classificadas de acordo com os critérios do American College of Medical Genetics (ACMG). Foram estudadas 53 pacientes com SOP e fenótipos específicos ou quadro familiar com a seguinte distribuição por grupos: 22 pacientes com SOP e resistência insulínica grave e/ou DM precoce, 13 pacientes com SOP e componente adrenal, 7 pacientes com SOP normoandrogênico, 3 pacientes com amenorreia primária, e 8 pacientes com SOP familiar. Destas, 44 foram estudadas por painel gênico, 8 por exoma e 1 por ambas as metodologias. Foram identificadas variantes nos genes INSR, LMNA, PIK3R1, FSHR, GATA4, BMP15, SF1, DLK1 e SCN1A, sendo uma variante patogênica, 3 provavelmente patogênicas e 8 variantes de significado incerto (VUS). Foram encontradas 1 variante em cada gene, exceto no LMNA, no qual foram encontradas 4 variantes. Este estudo, por sequenciamento paralelo em larga escala, identificou variantes raras principalmente em genes relacionados a resistência insulínica e causas monogênicas de diabetes mellitus. A distinção entre SOP primário e síndromes de resistência insulínica monogênicas pode ser desafiadora na prática clínica. Os presentes achados no gene LMNA alertam que as laminopatias podem ser uma condição subdiagnosticada em pacientes com SOP. Assim, apesar de a resistência insulínica ser uma característica comum na SOP, pacientes com quadros extremos ou atípicos devem ser cuidadosamente avaliados em relação a doenças monogênicas. No grupo de pacientes com SOP adrenal e SOP normoandrogênico foi identificada apenas VUS. A ampliação do estudo em coortes maiores poderá esclarecer o real impacto das VUS na patogênese da síndrome, bem como identificar outros fatores genéticos e epigenéticos envolvidos. O estudo de sequenciamento exômico em famílias pode apontar novas causas genéticas de SOP |