Estudo comparativo dos efeitos do mio-inositol e da metformina no ciclo menstrual, hiperandrogenismo, marcadores do processo inflamatório crônico e metabolismo de carboidratos e de lipídeos em mulheres com Síndrome dos Ovários Policísticos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Urbanetz, Lorena Ana Mercedes Lara
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5139/tde-05082024-124157/
Resumo: Introdução: A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é uma causa comum de anovulação e infertilidade e um fator de risco para a síndrome metabólica (SM). É o distúrbio endócrino mais comum em mulheres em idade reprodutiva com prevalência relatada na população geral de 2 a 20%, dependendo do fenótipo, etnia e consenso diagnóstico utilizado. A resistência à insulina (RI) e sua consequente hiperinsulinemia, desempenham papel fundamental na sua patogênese. Agentes sensibilizadores da insulina, como metformina (MET) e mio-inositol (MYO), podem ser eficazes no tratamento da anovulação relacionada à SOP além de melhorar os distúrbios metabólicos comuns à síndrome. Objetivo: Comparar os efeitos do mio-inositol e da metformina no ciclo menstrual e nos parâmetros antropométricos, hormonais, metabólicos e inflamatórios em mulheres com Síndrome dos Ovários Policísticos e resistência à insulina ou intolerância à glicose. Métodos: Ensaio clínico prospectivo, randomizado e aberto. A pesquisa foi realizada em mulheres com SOP segundo os critérios de Rotterdam. As participantes foram selecionadas no Centro de Reprodução Humana e no ambulatório de Ginecologia Endócrina da Divisão de Ginecologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP). Foram randomizadas em dois grupos: Grupo MYO (30 participantes), receberam em um mesmo sache MYO 2g + ácido fólico 200 mcg, via oral, duas vezes ao dia; Grupo MET (30 participantes), receberam MET na dose de 850 mg, via oral, duas vezes ao dia. Todas as pacientes foram orientadas sobre a importância da reeducação alimentar e mudanças do estilo de vida. Fluxograma do estudo: Visita 1, anamnese pormenorizada, coleta dos dados antropométricos, exames físico geral e ginecológico, exames laboratoriais, ultrassonografia transvaginal e avaliação hepática por ultrassom e elastografia). Visita 2, após análise dos exames da Visita 1, randomização para MET ou MYO, por programa de computação, das candidatas que preenchiam os critérios de inclusão. Visita 3 (avaliação dos 3 meses). Visita 4(avaliação dos 6 meses). Resultados: O grupo MYO com 30 participantes, idade média de 26,7 ± 4,8 anos e IMC 30,7 ± 6,9 kg/m2. O grupo MET com 28 participantes (duas participantes não receberam o tratamento alocado porque não retiraram a medicação), idade média de 28,7 ± 3,5 anos e IMC de 34,0 ± 7,9 kg/m2. Duas desistências no grupo MET (uma aos 3 e uma aos 6 meses) e uma no grupo MYO aos 6 meses (motivo desconhecido). Sem diferença estatisticamente significativa entre os grupos quanto ao fenótipo da SOP e seus parâmetros clínicos (exceto acantose nigricans), antropométricos, (exceto circunferência do quadril-CQ), do metabolismo de carboidratos, lipídeos e hepático, marcadores inflamatórios, ciclo menstrual e esteatose hepática. Em ambos os tratamentos houve regularização significativa do ciclo menstrual (MYO p<0,01; MET p<0,01), circunferência cintura (CC) (MYO p<0,01 aos 3 meses; MET p<0,01 aos 3 e 6 meses), acne (MYO e MET p<0,001) e o metabolismo dos carboidratos. Contudo, apenas na MET houve melhora significativa da acantose nigricans (p<0,05) e do Homa-IR (p<0,01). Somente no grupo MYO houve melhora significativa na relação LH/FSH (p<0,05) e S-DHEA (p<0,05), sendo que no grupo MET ocorreu aumento do S-DHEA com significância estatística (p<0,05). Apenas no grupo MET houve melhora significativa da CQ (p<0,01) e da presença de folículo dominante (p<0,01). MYO e MET não reduziram significativamente peso, IMC, hirsutismo, I-FG, TT, TL, A, SHBG, perfil lipídico, marcadores inflamatórios, esteatose hepática, volume ovariano e número de folículos antrais. Duas gestações no grupo MET (aos 3 meses e aos 6 meses) e uma no grupo MYO (6 meses). O tratamento com MET aos 3 e 6 meses apresentou significativamente mais efeitos colaterais em relação ao MYO (3 meses p<0.001; 6 meses p<0.023), nenhum deles considerados graves. A satisfação com o tratamento foi de 85,7% com MYO e 87,5% com MET. Conclusões: MYO e MET melhoraram significativamente o ciclo menstrual, CC e acne com grande satisfação das participantes. Nosso estudo sugere que o mio-inositol e a metformina foram eficazes e seguros no tratamento de pacientes com SOP e resistência à insulina ou intolerância à glicose