Efeito do manejo de fogo sobre comunidades de aves em campos sujos no Parque Nacional das Emas, GO/MS, Cerrado Central

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Sendoda, Andrea Mayumi Chin
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41134/tde-05042010-132002/
Resumo: Apesar de vários estudos já terem examinado os efeitos de queimadas naturais, respostas das aves, como variação do padrão da comunidade, guilda trófica e das espécies, ao manejo de fogo ainda não foram investigadas em reservas do Cerrado, Este trabalho teve como objetivo comparar a avifauna em trechos de campo sujo manejados (aceiros) e não manejados por fogo no Parque Nacional das Emas, Brasil Central. Este é o primeiro trabalho a avaliar os efeitos do manejo do fogo prescrito sobre comunidades de aves no Cerrado. Foram selecionados 12 locais de estudo. Em cada local, havia um transecto no aceiro e outro em campo sujo não manejado. Uma amostra consistiu em percorrer um transecto de 800m a pé, anotando as aves detectadas visual ou auditivamente a 15m do observador. Frequência de ocorrência e abundância das espécies e das guildas tróficas, riqueza total, abundância total da comunidade de aves e composição de espécies encontradas nos dois ambientes foram comparadas. No total, foram 881 registros e 41 espécies de aves. A riqueza e a abundância total de aves foram significativamente menores em aceiros. Houve diferença na composição de espécies de aves entre campos não manejados por fogo e aceiros. Dentre as guildas tróficas, os onívoros foram mais frequentes em campos não manejados. Granívoros, nectarívoros e onívoros foram mais abundantes em vegetação não manejada. Das 21 espécies analisadas separadamente, a coruja Athene cunicularia foi a única indicadora de aceiros e também mais frequente e abundante em aceiros. Por outro lado, foram identificadas quatro espécies indicadoras de campos sujos não manejados (Melanopareia torquata, Xolmis cinerea, Neothraupis fasciata e Coryphaspiza melanotis). Tais espécies podem ser usadas como indicadores ecológicos do regime e histórico do fogo e podem fornecer informações se os objetivos das ações de manejo do fogo estão sendo atingidos. Sete espécies foram mais frequentes e oito espécies foram mais abundantes em campos não manejados. Três dessas espécies são endêmicas do Cerrado (M. torquata, N. fasciata e Cypsnagra hirundinacea) e quatro estão sob algum grau de ameaça e são altamente sensíveis a distúrbios (Polystictus pectoralis, Alectrurus tricolor, C. melanotis e C. hirundinacea). Assim, cuidado e atenção devem ser redobrados para essas espécies, pois possuem alto valor para conservação e menor frequência ou abundância em aceiros. A menor riqueza e abundância de aves encontrada em aceiros devem estar relacionadas ao menor uso desse habitat, indicando menor disponibilidade de recursos como alimento, reprodução e abrigo, dado que o fogo altera a estrutura e composição da vegetação. Isso demonstra uma diminuição da qualidade do ambiental geral dos aceiros, provocada pela sua atual forma de manejo. Propomos que a queima dos aceiros seja feita em intervalos de 3 anos, em vez de 1 2 anos como tem sido realizada. Dessa forma, seria mantida a função dos aceiros como controle e barreira efetiva de incêndios e também para conservação da biodiversidade.