Arroz e coca: análise de uma experiência entre colonos do oriente boliviano

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1993
Autor(a) principal: Bonillas, Fidel Oscar Hoyos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11132/tde-20191108-102459/
Resumo: Este trabalho analisa o desenvolvimento do núcleo de colonização, chamado Yapacaní, conduzido por agricultores familiares na região norte do Departamento de Santa Cruz, Bolívia. Este projeto nacional de colonização pretendia redistribuir a população camponesa boliviana visando aumentar a produção agropecuária nacional. O projeto, a partir da década de 1960, encorajou a migração de camponeses, radicados no ocidente e carentes de terras, para as extensas áreas do oriente boliviano. Com o aumento da produção doméstica foi possível reduzir as importações, atingindo um dos objetivos centrais dos planos de governo daquela época. No entanto, uma vez esgotado este modelo de substituição de importações, as diversas colônias assentadas no Departamento de Santa Cruz ingressaram numa crise, gerada pela redução dos preços x dos seus produtos, principalmente o arroz. No caso da colônia de Yapacaní esta crise foi maior devido à fragilidade do seu solo, tornando-se praticamente inviável a melhoria tecnológica. Surge, assim, na metade dos anos setenta, uma variável não contemplada nem pelos planificadores nem pelos colonos: a demanda internacional por cocaína alterou os preços domésticos da folha de coca (matéria-prima da cocaína), dando um estímulo extraordinário aos potenciais produtores. Os solos de Yapacaní, marginais para a cultura do arroz, se revelaram muito bons para a cultura da coca. Assim, paradoxalmente, foi a cultura da coca e não os planos propostos pelo governo que permitiu à maioria dos colonos estabilizar seus sistemas de produção. Com a renda gerada pela coca, a maioria dos colonos de Yapacaní conseguiu iniciar a criação de gado bovino, diversificando e melhorando, assim, sua renda. No entanto, diante das pressões internacionais visando a redução das plantações de coca, no território nacional, o governo decidiu intervir novamente na colônia de Yapacaní. Desta vez, através do uso do crédito e da ação militar indireta. O propósito explícito desta nova intervenção era o de promover o desenvolvimento auto- sustentado da colônia, mediante um programa de substituição da cultura da coca. Esta dissertação está sendo realizada dois anos após o início da execução do programa de erradicação da coca, na colônia de Yapacaní. Consequentemente, as mudanças ainda estão em curso nesta colônia. A renda gerada pela coca, para os colonos que optaram pela erradicação voluntária, foi substituída pela indenização e créditos. O problema era prever em que medida os investimentos feitos para substituir a coca permitiriam aos colonos um desenvolvimento auto-sustentado no longo prazo. Os resultados deste estudo sugerem que durante a nova intervenção feita pelo governo, o principal objetivo foi a erradicação da coca e não a promoção de um verdadeiro desenvolvimento alternativo da colônia de Yapacaní. Destarte, é previsível que mais cedo ou mais tarde os colonos voltem a produzir coca. Para tanto basta que a rentabilidade desta cultura permaneça elevada e que faltem opções viáveis do ponto de vista técnico, econômico e legal para a maioria dos colonos