Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Pereira, Tatiane Guimarães |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6136/tde-26082019-100036/
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Resumo: |
Introdução: O vírus Zika surgiu de forma explosiva e pandêmica na Oceania e nas Américas. Seus efeitos acometeram, em especial, bebês com variados sinais e sintomas que culminaram no nascimento de uma nova síndrome nunca antes registrada. Dessa forma, nasce, ao mesmo tempo, os bebês acometidos e os modos de cuidado voltados a essa população. Nesse sentido, é fundamental entender as relações de cuidados implicados nesse processo respaldados pela noção de cuidado preconizada em Saúde Pública composta por vários elementos como aspectos sociais, ocupacionais, econômicos, culturais e subjetivos. O aspecto subjetivo se revela no cuidado que o sujeito oferece, além disso, possibilita ressignificar sua subjetividade, atribuindo sentidos às experiências vividas. Objetivo: Analisar a dimensão subjetiva implicada nos cuidados ofertados por pais e profissionais de saúde às crianças com síndrome congênita do Zika (SCZv). Método: Trata-se de pesquisa qualitativa com cuidadores que compõem o ambiente do bebê com SCZv: pais e profissionais de um serviço especializado no município de Campina Grande no estado da Paraíba, Brasil, cidade com alta prevalência da doença. Dois grupos de sujeitos, um com pais e mães, outro com profissionais, separadamente, participaram de entrevistas individuais e grupos focais. Realizamos também a observação participante desses sujeitos inseridos nas atividades do serviço. Os dados foram submetidos à análise de conteúdo e de discurso articulados com a perspectiva winnicottiana. Resultados e discussão: A atenção foi caracterizada pelo esforço da atuação interdisciplinar, busca pela horizontalidade construída a partir da concepção de que \'o mosquito nos uniu\', resultando em estreita proximidade entre os cuidadores. A mídia e a ciência registraram o cuidado nascente, ora cooperando com informações aos pais e profissionais, ora os expondo e reduzindo-os a notificações epidemiológicas. O cuidado produziu e foi produzido pelos modos de subjetivar de cada cuidador envolvido, ao mesmo tempo assumiu similaridades entre mães, pais e profissionais. As mães-mulheres carregam o peso das representações sociais da maternidade percebidas como congênitas, expressas pela centralidade do cuidado. Em cenário de protagonismo materno, a presença paterna é quase ausente na maioria das famílias, mas quando há, os pais se mostram bastante atuantes no cuidado. Tais ações paternas são moldadas pela lógica masculina, como o apoio emocional dirigido à mulher, mas a não expressão das próprias emoções, além de atividades predominantes fora do lar. Outros cuidadores com posição destacada foram as profissionais. Sensibilizadas pela causa, ultrapassam a execução em si do trabalho e atuam em prol das famílias também na esfera pessoal. Diante das intensidades, sem recursos científicos, a principal intervenção da equipe foi o amor. Os cuidadores em geral mostram sentimentos intensos de alegria pelo cuidado visto como missão, medo do futuro e tristeza diante dos estigmas que proliferam sobre os bebês acometidos pela SCZv. Em contexto Zika, o afeto demonstra ser contagioso e exerce influência na intensa presença do cuidador. Considerações Finais: O que sobrevive, após situação de emergência, é o desejo dos cuidadores pela inserção efetiva dos bebês em sua comunidade com direitos assegurados. Pensar no futuro dessa população é refletir sobre a efetivação do apoio psicossocial e da disponibilidade de todas as instâncias para um olhar digno aos bebês e seus cuidadores. Embora o surto tenha acabado, assim como os holofotes midiáticos e acadêmicos, as histórias e os efeitos permanecem vivos. |