O limiar do amor: o (des)velamento da sexualidade em Amar, verbo intransitivo, de Mário de Andrade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Silva, Simone Rodrigues Vianna
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8149/tde-12042021-181720/
Resumo: Mário de Andrade escolheu, para seu romance de estreia, Amar, verbo intransitivo, um tema polêmico e tabu em nossa sociedade, até os dias atuais: a iniciação sexual de jovens através do amor venal. Examinamos, desse modo, os mecanismos estéticos utilizados pelo autor para simbolizar literariamente tema considerado tão escandaloso. Cinco elementos se mostram significativos para o (des)velamento da sexualidade latente na obra: a classificação em idílio, a partir do postulado de um modelo - idílio neoclássico Paulo e Virgínia, de Bernardin de Saint-Pierre (1788) -; a estruturação em texto experimentalista modernista; o emprego do narrador onisciente intruso; a constituição das personagens como sujeitos cindidos e, por fim, os tropos da tradição retórica, aqui lidos em diálogo com os procedimentos oníricos (deslocamento, figuração por símbolos e condensação), como propostos pelo saber psicanalítico. A partir do conceito de \"entre-lugar\" (SANTIAGO, 1978), que postula a diferença como elemento fundamental para a crítica literária e como definidor da identidade do autor e da obra, interpretamos Amar, verbo intransitivo como romance idílio no \"entre-lugar\", realizado em sua diferença em relação ao modelo neoclássico. De mesmo modo, a composição da personagem Fräulein Elza e do caso erótico-amoroso vivido pelo casal protagonista também é analisada em seu aspecto pendular e indefinido: a moça é e não é uma prostituta, vivendo em conflito com sua posição no espaço privado da família, e o caso é e não é uma relação amorosa idílica. Compreendendo a literatura como processo de criação atravessado por desejos e pulsões inconscientes, analisamos como todos esses mecanismos literários, elaborados pelo labor estético, são empregados para ora encobrir, ora revelar a sexualidade da obra.