Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2013 |
Autor(a) principal: |
Silva, Andrea Catropa da |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8151/tde-19082013-160622/
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Resumo: |
Flora Süssekind constitui um exemplo ímpar na prática do nosso ensaísmo crítico, destacando-se como uma pesquisadora cujos vínculos com a Universidade, com a imprensa e com instituições de pesquisa resultaramem colaborações de natureza diversa, como artigos, resenhas e livros, entre outros. A sua reflexão -impulsionada por obras de diferentes gêneros e produzidas em épocas distintas -vem sendo constante nas últimas décadas, trazendo aos seus leitores uma visada crítica bastante particular sobre autores representativos do Romantismo, do Naturalismo, do Modernismo, da poesia concreta, da poesia marginal da década de 70 e de tantos outros fenômenos literários do país. Dentre um universo profícuo de ensaios muitos deles produzidos em um curto intervalo de tempo, sobretudo durante a década de 1980 abordaremos nesta tese aqueles que, sob nosso ponto de vista, permitirão apontar os elementos de destaque em seu percurso, sob uma perspectiva do estabelecimento de uma voz crítica singular que ainda está em plena atividade e, portanto, em constante processo de construção e mudança. O contato aprofundado com essa produção (englobando seus objetos, seus referenciais teóricos e suas reflexões) permitiu a elaboração da hipótese inicial de que Flora Süssekind não descarta a tradição que busca pensar as particularidades da literatura nacional, aproveitando-a, no entanto, de maneira cautelosa, rejeitando a ideia de origem de uma brasilidade unificadora das expressões culturais de um povo e, consequentemente, de uma literatura. Repercute insistentemente em sua obra, assim, uma questão de fundo: a maneira como uma determinada ideia de nacionalidade conforma a representação artística brasileira, dando destaque (por parte da crítica e dos próprios artistas) aos trabalhos que privilegiem um enfrentamento mais direto e menos transfigurador de fatoscorrentes no cotidiano problemático do país. Assim, com sua prática, defenderá caminhos teóricos que se contraponham a esse paradigma que identifica como sendo dominante em nossa literatura, de extração mimética (não no sentido de expressividade artística, mas de cópia). Acreditamos, portanto, que seu trabalho dê um sentido específico à concepção do intelectual atento à realidade local, privilegiando obras que não se circunscrevam a tal paradigma ou, ainda, que forneçam aportes para um recorte crítico quedeixe aparentes as engrenagens do aparelho reprodutor desse modelo. Para tanto, as suas referências teóricas são variadas, compreendendo a pesquisa de autores brasileiros do século XIX, da nossa tradição sociológica do século XX (em autores como Antonio Candido ou Roberto Schwarz), da teoria francesa que se projetou, sobretudo, a partir dos anos 1960 (com exemplos como Michel Foucault e Gilles Deleuze) e também intelectuais cuja relação com o marxismo se dê por vias mais reconhecidas (como Fredric Jameson e Theodor Adorno). Interpretamos esse gesto de constante pesquisa e inquietação teórica como uma disponiblidade de acompanhar o objeto, um desejo de persegui-lo para poder comentá-lo mais adequadamente e de forma mais aprofundada, recusando-se a observá-lo de maneira distante e inflexível. O percurso e a perseguição tornam-se, nesse viés, mais importantes do que a estabilidade do ensaísta, o que nos levou a denominar esse método praticado por Flora Süssekind de itinerância crítica. |