Uma escrita psicanalítica da experiência do diagnóstico médico e seus tempos subjetivos: revelação, identificação e nomeação

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Castellani, Mayra Moreira Xavier
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-24092020-200814/
Resumo: O desenvolvimento da presente pesquisa partiu de experiências na clínica psicanalítica com pacientes envolvidos na problemática de receber um diagnóstico de alguma doença, que ultrapassa muito o ato de receber uma notícia e iniciar um tratamento. O nome-diagnóstico parece achar um lugar no psiquismo do sujeito, provocando articulações significantes com pontos de sua história de vida e fazendo o sujeito se debruçar em tentativas de compreensão do novo acontecimento. Embora o ato diagnóstico seja um pilar essencial para a clínica moderna, constatamos que o nome da doença tem uma significação para o médico e outra completamente distinta para o paciente. Considerando a relevância de que as reações do sujeito a esse momento inicial será determinante para o enigma do tratar ou não tratar uma doença, essa pesquisa tem o objetivo de investigar, a partir da teoria psicanalítica de orientação freud-lacaniana, as implicações subjetivas do momento de receber um diagnóstico médico, partindo da perspectiva de seus efeitos de ressonância ao longo do tempo. Propõe-se, então, um estudo teórico-clínico em psicanálise que focará tanto em dar subsídios e manter nosso interesse em promover um diálogo com o campo de saber da medicina, quanto em recuperar conceitos psicanalíticos para estabelecer conexões teóricas que sejam o sustentáculo das problemáticas da subjetividade frente o mal-estar, o sofrimento e o sintoma na clínica diante de um diagnóstico médico. Elaboramos e sustentamos teoricamente a proposta de uma divisão didática da experiência do recebimento de um diagnóstico médico em três tempos, uma tríade articulada, que representa a tese central dessa pesquisa. Interpretamos o ato de revelação do diagnóstico momento em que o médico oferece um significante novo ao paciente como um primeiro tempo do processo subjetivo; a identificação com o significante ofertado, como um segundo tempo; e a nomeação com o nome-diagnóstico circunstância de apropriação do nome como um terceiro tempo. Nossa intenção, levando em conta a vertente institucional do trabalho do psicanalista, é que esse modelo dos três tempos seja alternativo aos protocolos de anúncios de diagnóstico e se desenrole como auxílio para os profissionais de saúde que experienciam ouvir a singularidade de seus pacientes, a pensar o percurso da revelação a partir de um novo lugar. Além disso, dando importância também para a vertente clínica da ação do psicanalista, concluímos que nosso contato com a teoria borromeana do final de ensino de Lacan, teve o alcance de fornecer ricas contribuições para uma nova proposta de intervenção clínica com os sujeitos em questão, que inclui a dimensão da autorização intrínseca ao ato de nomeação, o que vai enodar o corpo, a linguagem e o gozo de maneira singular