"A interface entre a homeopatia e a biomedicina: o ponto de vista dos profissionais de saúde não homeopatas"

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: Salles, Sandra Abrahão Chaim
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5137/tde-19102006-092621/
Resumo: Esse estudo tem como objetivo conhecer as características da relação entre a medicina Homepática e a Biomédica enqua nto partícipes de um campo institucional comum, identificando o movimento de aproximação e afastamento entre homeopatas e médicos da biomedicina e identificando os elementos de caráter ideológico, cultural e técnico-cientifico que fazem parte desse processo, segundo o ponto de vista dos profissionais não homeopatas. Por meio de levantamento da atual situação da Homeopatia no campo da saúde no Brasil, identificam-se os municípios com serviços de homeopatia na rede SUS e as faculdades de medicina que desenvolvem atividades relacionadas à homeopatia. Foram selecionados para a pesquisa os municípios com maior produção ambulatorial de consultas homeopáticas de janeiro a novembro de 2003 (Datasus) e entre as faculdades aquelas de reconhecida relevância na formação médica. Foram entrevistados 48 profissionais de saúde (apenas dois não médicos), sendo 20 docentes/pesquisadores de 11 faculdades de medicina, 16 gestores e 12 médicos que trabalham na rede publica em 6 municípios de cinco estados e do Distrito Federal. As análises foram feitas tendo como categorias de referência as concepções de campo social e cientifico de Bourdieu, as concepções de racionalidades médicas de Madel Luz e os conceitos de modelos ou arranjos tecnológicos do trabalho em saúde de Mendes-Gonçalves, de formação de identidade profissional de médico e ideologia ocupacional de Donnangelo e Schraiber. Foram descritos e analisados através dos depoimentos dos entrevistados: os aspectos considerados facilitadores da aproximação entre as duas medicinas, os que dificultam a ampliação da presença da Homeopatia no campo da saúde, as diferentes formas de apresentação das resistências e as suas concepções sobre a Homeopatia. Entre outros, os resultados apontaram que a 6 legitimação profissional, a construção do SUS e a crise da biomedicina são condições favorecedoras da presença da Homeopatia nas instituições. Mas essas condições não garantem espaços de ensino ou assistência, e as iniciativas dos homeopatas ainda dependem de simpatias locais. Os entrevistados valorizam aspectos da pratica homeopática que recuperam a ideologia ocupacional associada ao ideal de boa prática médica: abordagem integral do paciente, a recuperação da dimensão humanística da medicina e os resultados que obtém ao resolver agravos para os quais os recursos da biomedicina são inadequados ou insuficientes. Facilitam a aproximação com a Academia o interesse no desafio cientifico que representa encontrar novos modelos de pesquisa para explicar, comprovar ou medir a ação da homeopatia e a inclusão de ambientes extrahospitalares como locais de ensino. Dificultam essa aproximação as resistências ao desconhecido e as dificuldades de compreender, com a visão da racionalidade cientifica moderna, a lógica em que a homeopatia opera. Uma outra forma de resistência é considerar a Homeopatia uma medicina apenas para agravos simples e banais, caracterizando-a como uma medicina insegura. O isolamento dos homeopatas e a falta de divulgação da sua cultura foram referidos como razões que mantém o desconhecimento sobre a Homeopatia. Os entrevistados defendem que aceitar os limites de cada medicina e buscar a complementaridade pode levar ao respeito à pluralidade das medicinas, necessária para dar conta de responder à complexidade presente no campo da saúde.