O exercício da fé na prisão: representações do papel da igreja evangélica para a pessoa encarcerada

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Bazo, Andressa Loli
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2136/tde-26092022-074001/
Resumo: A expansão do movimento evangélico na cidade repercute no crescimento e visibilidade que toma a organização evangélica na prisão. Se, por um lado, as referências religiosas não são novidade no universo carcerário, por outro, a disseminação de cultos e a separação dos evangélicos nas unidades prisionais chama atenção. Com esta pesquisa, procurou-se compreender as representações do papel da Igreja evangélica na prisão. A partir da lente oferecida pela Criminologia Clínica de Inclusão Social, investigou-se o contexto em que está inserido o preso evangélico para buscar entender as dimensões do papel da Igreja para ele, avaliando qual a conotação do pertencimento religioso. A partir do marco teórico adotado, que indica a necessidade de uma aproximação entre sociedade livre e sociedade encarcerada por meio de projetos de reintegração social que visam ao desenvolvimento de uma autonomia moral e à construção de uma personalidade ética assentada em um projeto de valorização de si mesmo, analisaram-se as histórias e projetos de vida de presos evangélicos. Para isso, foram realizadas entrevistas com internos da Colônia Penal Industrial de Maringá e da Casa de Custódia de Maringá, unidades prisionais localizadas no Estado do Paraná. As entrevistas foram analisadas individualmente e divididas em categorias que destacam as mudanças decorrentes da conversão, as regras e a rotina do espaço evangélico, a vigilância e a vulnerabilidade dos evangélicos, bem como as relações entre Igreja, facção e direção. As evidências empíricas apontam que, na prisão, os evangélicos se situam entre a desconfiança de funcionários e detentos em geral e a credibilidade por não traírem a facção nem darem trabalho para a administração. As entrevistas também indicam que os evangélicos precisam se submeter a um rígido código de conduta e a um intenso controle por parte de todos os atores do universo prisional, mas, principalmente, da massa carcerária. No entanto, a conversão pode proporcionar a ressignificação da própria história e a busca pela expansão de si alicerçada em um projeto de vida boa. Neste sentido, os dados mostram a ambivalência da identidade evangélica na prisão, que ao mesmo tempo em que é desmoralizada e controlada, pode devolver ao preso o controle de sua vida.