Caminhadas indígenas, quilombolas e afro-diaspóricas: mobilizando as políticas culturais e a produção do conhecimento por narrativas plurais da História (1988-2020)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Ribeiro, David William Aparecido
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-27072021-200657/
Resumo: Seguindo as caminhadas de indígenas e quilombolas, especialmente a partir da promulgação da Constituição Brasileira de 1988, este trabalho tem o intuito de debater o papel das políticas culturais e da produção do conhecimento na construção de narrativas sobre o passado e na mobilização por direitos. Para tanto, construo um percurso para entender de que forma essas políticas, especialmente as relacionadas a museus e patrimônio, bem como essas produções do conhecimento, foram da promoção à contestação das matrizes do racismo; do silenciamento ao acolhimento das narrativas e pensamentos de populações negras e indígenas, tanto no Brasil quanto em outros contextos. Partindo dos processos que levaram aos registros da Tava, Lugar de Referência para o Povo Guarani (2014) e do Sistema Agrícola Tradicional de Comunidades Quilombolas do Vale do Ribeira (2018) como patrimônio imaterial brasileiro, analiso as interações entre instituições, saberes e agentes relacionados à salvaguarda desses bens culturais. Essa análise parte da premissa que, em ambos os casos, há um diálogo com a longa trajetória de políticas de proteção do patrimônio cultural e natural, nos âmbitos nacional e internacional, que recaem sobre as Ruínas das Missões Jesuíticas dos Guarani e sobre as Reservas do Sudeste da Mata Atlântica, listadas inclusive como patrimônios da Humanidade pela Unesco. Defendo a hipótese de que as políticas culturais são um caminho essencial para que populações invisibilizadas comuniquem os seus modos de ser, viver e pensar à sociedade envolvente, assim como para que demandem o direito à memória, à diferença e ao território. No mesmo sentido, considero que essas caminhadas guarani e quilombolas, vistas em conjunto com caminhadas indígenas e afro-diaspóricas de outras partes do mundo, são representativas de estratégias de descolonização que podem, efetivamente, transformar a produção do conhecimento e a cultura em instrumentos de superação do silenciamento e da desumanização promovidos pela escravidão e pelo colonialismo.