O corpo (inter)face: sentidos sobre a relação sujeito, corpo e objetos tecnológicos de conexão à rede eletrônica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Giorgenon, Daniela
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-13072018-152207/
Resumo: Objetivamos estudar sentidos sobre a relação sujeito, corpo e objetos tecnológicos de conexão à rede eletrônica, mais especificamente, questões que visam a compreender o processo de produção de discursos e sentidos sobre um corpo fusionado, silenciado e ilimitado na relação com esses objetos. Partimos do pressuposto de que o corpo e o objeto ganham contornos discursivos diferentes a cada contexto sócio-histórico. Porém, ressaltamos também que há relações repetitórias em qualquer contexto sócio-histórico. Como a busca do sujeito por uma complementariedade na relação com o objeto (Freud, 1930/2010; Lacan, 1995, 2005, 2008). Como a necessidade de aparência, de um mundo semanticamente normal, legitimando a estabilização de sentidos sobre qualquer objeto simbólico (Pêcheux, 2009a, 2009b, 2008). Nesse início de século, temos escutado discursos que legitimam a complementariedade com o objeto, na forma da nomeação ciborgue, misto de organismo e máquina (Haraway, 2009), sobretudo em enunciados sustentados pelo poder do Mercado (Payer, 2005). A partir das questões que elencamos para estudar a referida relação, delineamos os capítulos de forma a abordar os conceitos de sujeito e discurso, objeto tecnológico e corpo, na interlocução com diversos campos do saber, mas norteadas pela Análise do Discurso e pela Psicanálise. Elaboramos a noção de uma posição do sujeito no discurso que nomeamos corpo (inter)face, para abordar a filiação a formação discursiva do mercado, produzindo sentidos sobre um corpo que é convocado a comparecer como interface do objeto tecnológico. As materialidades discursivas analisadas foram encontradas no período de agosto de 2012 a agosto de 2014, na rede eletrônica, por meio de buscadores como o Google e o DuckDuckGo e da rede social Facebook. Tecemos gestos de interpretação a discursos sobre diversos objetos tecnológicos de conexão à rede eletrônica, incluindo óculos e lentes de contato que prometem conexão à rede eletrônica e à realidade aumentada, objetos que se acoplam a face e ao olho e que nesse momento não estão deliberadamente ofertados nas vitrines, mas circulam em discursos na rede eletrônica e em feiras tecnológicas. Trabalhamos sentidos sobre: 1) o silenciamento do corpo no acoplamento com o objeto tecnológico de conexão à rede eletrônica, 2) sentidos sobre a invocação de partes do corpo para o acoplamento com o objeto tecnológico de conexão à rede eletrônica e destituição de outras partes e, 3) sentidos sobre a potencialização de partes do corpo no acoplamento com o objeto tecnológico de conexão à rede eletrônica. Concluímos essa pesquisa apontando a estabilização e a desestabilização dos discursos e sentidos sobre sujeito e corpo na relação com objetos tecnológicos de conexão à rede eletrônica, desnaturalizando os sentidos de potência atribuídos a um corpo cada vez mais inerte, que é dito tudo poder acessar na rede, se movimentar intensamente no virtual, ao passo que só precisará movimentar os olhos para se conectar à rede eletrônica e à realidade aumentada, ao objeto tecnológico se miniaturizar e se acoplar ao olho.