Resistente, misteriosa, visível: a forma e suas ficções na literatura de Jorge Luis Borges

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Silva, William Augusto da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8151/tde-27062017-085444/
Resumo: Este estudo consiste numa leitura da obra de Jorge Luis Borges, em especial de sua narrativa, a partir dos pressupostos da crítica literária dialética em sua busca pelo estabelecimento de possíveis mediações entre literatura e sociedade. Nosso ponto de partida foi a análise das premissas teóricas do escritor argentino a respeito do gênero conto e, em seguida, passamos à discussão a respeito dos temas da leitura e da reescrita no âmbito de sua produção literária e teórica. Ao longo desse percurso, delinearam-se características formais que podem ser descritas em termos de uma prevalência do abstrato sobre o específico, do todo sobre a parte, ou, finalmente, do universal sobre o particular. Esse esquema básico, embora se configure de diferentes formas no objeto, foi isolado pelo trabalho de análise e identificado como o princípio constitutivo da forma, concebida tanto do ponto de vista da composição, em que todo e partes se articulam, quanto do ponto de vista da reescrita de uma história tradicional ou arquetípica, em que a fábula básica do intertexto impõe o padrão da ação ao texto receptor. A proposta interpretativa deste estudo sugere ver nesses traços aspectos da sociedade capitalista contemporânea, cujas relações sociais se pautam pelo tipo de racionalidade instrumental típico da sociedade burguesa. O predomínio do geral sobre o particular, isto é, do valor de troca sobre o valor de uso, que caracteriza a forma-mercadoria na visão de Marx, se generaliza e expande sua lógica para todos os domínios da realidade. Convergindo com a formação do valor da mercadoria, a obra de arte partilharia, em certa medida, do pensamento reificado da totalidade social, de acordo com Theodor Adorno. Essa proposta interpretativa é levada a término e suas consequências dialéticas discutidas por meio da análise do conto El Zahir, pertencente ao livro El Aleph, publicado em 1949 em Buenos Aires. A fim de possibilitar essa análise, o presente estudo inclui também a análise do conto Berenice, de Edgar Allan Poe, com o qual El Zahir estabelece um diálogo sutil, embora bastante produtivo. Ademais, encontram-se comentados ou analisados neste trabalho os contos Funes, el memoriso, Tema del traidor y del héroe (Ficções, 1944) e La trama (El hacedor, 1960).