Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
1996 |
Autor(a) principal: |
Mondini, Lenise |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6133/tde-19032018-182239/
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Resumo: |
Alterações sócio-econômicas, demográficas e epidemiológicas ocorridas nas últimas décadas resultaram em importantes modificações no perfil de morbi-mortalidade da população brasileira. Incluem-se neste cenário alterações do padrão nutricional da população, expressas pelo aumento da obesidade em adultos e pela redução da desnutrição em crianças. Isto implica questionarmos sobre a importância relativa dos problemas do balanço energético (desnutrição e obesidade), tanto em relação à magnitude quanto à determinação dos agravos nutricionais, com vistas a discutirmos intervenções de saúde e nutrição nos diferentes estratos da população. Visando aferir e qualificar o estágio da transição nutricional no país no final dos anos 80, estimamos e comparamos as freqüências da desnutrição e da obesidade na população brasileira de crianças entre 6 e 35 meses de idade (n=3641) e de adultos, ou seja, mulheres (n=15669) e homens (n=14235) da Pesquisa Nacional de Alimentação e Nutrição -PNSN-, realizada em 1989 pelo IBGE, através de amostra representativa dos domicílios do país. Desenvolvemos para tanto critérios comparáveis de avaliação do estado nutricional de mulheres, homens e crianças. Primeiramente, selecionamos índices antropométricos que expressassem a condição nutricional atual de adultos e crianças (Índice de Massa Corporal - IMC, no caso dos adultos e peso/idade e peso/altura, no caso das crianças). Adotamos o modelo normativo de diagnóstico da desnutrição e da obesidade em crianças e em adultos com o intuito de atribuir idêntica especificidade aos diagnósticos (valores críticos correspondentes aos percentis 5 e 95 das populações de referência). Para o diagnóstico da obesidade, os valores do IMC correspondem a 27,7 kg/m2 na população adulta feminina e 28,4 kg/m2 na população adulta masculina e para o diagnóstico da desnutrição os valores do IMC correspondem aos do percentil 5 nas diferentes idades. Para o conhecimento da natureza dos agravos nutricionais, nos valemos da análise da distribuição intra-familiar da desnutrição e da obesidade. Tal análise ficou restrita às famílias compostas por mãe, pai e pelo menos uma criança com idade entre 6 e 35 meses (n=2232). Utilizou-se a técnica de modelos log-lineares para testar as hipóteses de independência ou de associação entre o estado nutricional dos membros de uma mesma família. A ordenação das modalidades de desnutrição e obesidade, de acordo com a magnitude alcançada pelos problemas, revelou a obesidade em mulheres e a desnutrição em crianças, nesta ordem, como os principais problemas nutricionais do país. Os dois problemas são os mais prevalentes entre a população residente nas áreas urbanas das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e nas áreas rurais das regiões Sudeste e Centro-Oeste, apenas alternando a ordem entre si. Por outro lado, a obesidade é hegemônica em adultos e crianças das áreas urbanas das regiões Sudeste e Sul e do Sul rural. No Nordeste rural, ao contrário, a hegemonia é da desnutrição em crianças, homens e mulheres. A análise da distribuição intra-familiar da desnutrição indica que o problema tem natureza preponderantemente individual, ou seja, na maioria dos estratos estudados, a ocorrência da desnutrição em um dos membros da família não implica aumento do risco de desnutrição nos demais. Apenas entre as famílias em \"extrema pobreza\" (renda familiar inferior a 1/4 de salário mínimo per capita), detecta-se uma fraca associação entre a condição nutricional (desnutrição/não desnutridos) de seus membros. A análise da distribuição intra-familiar da obesidade também indica o problema como de ordem essencialmente individual. Somente entre as famílias de renda intermediária (renda familiar entre 1/2 e 1,O salário mínimo per capita) verifica-se associação entre a condição nutricional (obesidade/não obesos) de pais e mães. São várias as implicações dos achados deste estudo com relação ao desenho de políticas e programas nutricionais no Brasil. Destacam-se a maior prioridade que deveria merecer a prevenção e controle da obesidade em todas as classes sociais e a evidência de que o controle da desnutrição infantil deveria se fazer através de ações de saúde. Programas que incluam a distribuição generalizada de alimentos estariam justificados em estratos específicos da população. |