Transformações das relações de trabalho: o caso dos trabalhadores residentes permanentes de uma agroindústria canavieira paulista

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1980
Autor(a) principal: Bortolotti, Maria Regina Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11145/tde-20220208-011128/
Resumo: O presente trabalho analisou o problema da transformação das relações de trabalho em uma usina de açúcar e álcool. Procurou entender e explicar estas transformações, como decorrência do processo de desenvolvimento do capitalismo em geral, e particularmente das especificidades deste processo na agricultura. Pretendeu analisar uma situação de vida concreta, desvendando através dos dados e dos depoimentos obtidos, a lógica da organização do trabalho nos diferentes momentos que marcam o desenvolvimento da usina. Neste sentido, o trabalho de análise teve como elemento fundamental as verbalizações dos trabalhadores acerca da sua experiência de vida. Particularmente, interessou ater a análise ao nível dessas verbalizações, cano uma das formas, através das quais fosse possível reconstruir a maneira pela qual estes trabalhadores vivenciaram este processo de transformação, ao qual foram historicamente submetidos. Procurou buscar subsídios ao nível do conhecimento produzido na medida em que contribuíram para aprofundar e enriquecer questões fundamentais. Na maior parte das vezes a análise se deteve na descrição de situações concretas que pareciam particularmente significativas. Foram analisadas as alterações que se processaram na organização do trabalho entre as famílias de trabalhadores residentes permanentes que compõem parte da atual força de trabalho empregada nas lavouras de canas da Usina Tamoio S.A. Objetivou compreender, o modo como se estruturaram as relações de trabalho ao nível dessas famílias, e as especificidades dos regimes de trabalho, aos quais foram submetidos no decorrer do desenvolvimento pelo qual passou a Usina em questão, a partir da década de 1930. A partir dos dados coletados, a análise procurou captar orçamentos daquele processo de transformação, que se refletiram diretamente na organização do trabalho nas lavouras de canas desta Usina. Esses momentos se manifestaram concretamente em três situações distintas. A primeira, onde a organização do trabalho estava baseada fundamentalmente no regime do tipo colonato, que se constituiu na principal forma de organização da força de trabalho empregada pela Usina. Uma segunda situação onde se verifica, ao longo de um período, a ruptura e a decadência deste regime de trabalho. E uma terceira, que corresponde ao momento atual da Usina, onde se verificou o desaparecimento do colonato, o aparecimento dos trabalhadores especializados - os tratoristas, motoristas, etc. e a predominância de um contingente novo de trabalhadores temporários e volantes, como a principal forma de organização da força de trabalho empregada nas lavouras de canas. A preocupação principal se ateve a dois tipos fundamentais de questões. A partir da constatação dos principais momentos da transformação, que caracterizou o desenvolvimento da Usina em termos agroindustriais, a análise primeiramente se voltou para a compreensão das consequências desse processo sobre os regimes de trabalho que constituíram a base sobre a qual estava assentada a organização do trabalho na Usina. Em segundo lugar, procurou ressaltar os efeitos dessas transformações a nível das famílias e especialmente sobre o trabalhador individualmente. Os efeitos dessas transformações se deram em dois sentidos. Propiciou uma crescente desintegração da família, na medida em que a Usina não absorveu seus membros como força de trabalho. Também, a reorganização do processo produtivo destruiu ocupações e transformou o trabalhador em trabalhador parcelado, exercendo um efeito degradante sobre a capacidade técnica do mesmo.