Funcionamento familiar e tentativa de suicídio em pacientes com transtorno afetivo bipolar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Berutti, Mariangeles
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5142/tde-03022016-113531/
Resumo: A influência do transtorno afetivo bipolar (TB) no comportamento do indivíduo pode interferir significativamente no funcionamento familiar. Em uma perspectiva sistêmica, o funcionamento familiar diz respeito à forma como a família proporciona o ambiente adequado para o desenvolvimento e a sobrevivência dos membros da família nos níveis biológico, psicológico e social. Estudos que avaliaram o funcionamento familiar em famílias de pacientes com TB utilizando o Inventário de Avaliação Familiar (IAF) sugerem que o funcionamento familiar é globalmente pior quando comparado a famílias de indivíduos saudáveis. Entre todos os transtornos psiquiátricos, o TB caracteriza-se por uma das mais altas taxas de tentativas de suicídio e mortalidade por suicídio. Estudos recentes em transtorno depressivo maior sugerem que existe uma associação entre pior funcionamento familiar e comportamento suicida. No entanto, a associação entre funcionamento familiar e tentativa de suicídio em pacientes com TB tem sido pouco estudada. Hipótese: Famílias de pacientes portadores de TB que tenham apresentado pelo menos uma tentativa de suicídio na vida apresentam um pior funcionamento familiar quando comparadas a famílias de pacientes portadores de TB que nunca tentaram suicídio. Métodos: Sessenta e dois pacientes com TB (trinta e um com histórico de pelo menos uma tentativa de suicídio na vida, trinta e um sem histórico de tentativas de suicídio na vida) e sessenta familiares de pacientes com TB (vinte e nove familiares de pacientes com TB com história de pelo menos uma tentativa de suicídio na vida e trinta e um familiares de pacientes com TB sem histórico de tentativas de suicídio na vida) foram avaliados através do IAF. Escores médios de funcionamento familiar foram comparados entre os grupos, bem como correlações entre escores da IAF e sintomas de humor ou de ideação suicida. Resultados: Pacientes com TB e história de tentativa de suicídio apresentaram um número significativamente maior de hospitalizações psiquiátricas (p=0,029), de frequência de sintomas psicóticos (p=0,037), e médias mais elevada nas escalas de mania (p=0,026), de depressão (p=0,005) e de ideação suicida (p=0,041) do que pacientes com TB sem tentativas de suicídio. Pacientes com TB com história de tentativa de suicídio apresentaram escores mais elevados e estatisticamente significativos em vários domínios da escala de funcionamento familiar, incluindo Funcionamento Geral (p=0,025), Comunicação (p=0,009), Papéis (p=0,005), Resposta Afetiva (p=0,041) e Solução de problemas (p=0.036) do que pacientes com TB sem tentativas de suicídio. Os familiares de pacientes com história de tentativa de suicídio, quando comparados com os familiares de pacientes sem histórico de tentativa de suicídio apresentaram escores significativamente maiores da IAF no que diz respeito a Comunicação (p=0,012), Papéis (p=0,020), Resposta Afetiva (p=0,001) e Funcionamento Geral (p=0,025). Houve correlações positivas estatisticamente significativas em todos os domínios da IAF entre pacientes e familiares. Conclusão: História de tentativa de suicídio em pacientes com TB esta associada a escores mais elevados em diferentes domínios da IAF. Isto sugere um pior funcionamento familiar nas áreas de Funcionamento Geral, Comunicação, Papéis, Resposta Afetiva e Solução de Problemas. Estudos prospectivos podem ajudar a confirmar essa associação, e esclarecer se intervenções terapêuticas familiares podem ajudar a mitigar comportamentos suicidas no TB