Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2009 |
Autor(a) principal: |
Faria, Vanessa Fabiola Silva de |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-12032010-153705/
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Resumo: |
O trabalho de pesquisa consistiu em um estudo dos documentos oficiais que orientaram o ensino de Língua Portuguesa e Literatura para o 2º grau (antiga nomenclatura do ensino médio) tendo em vista a possibilidade de compreender a relação entre as proposições inovadoras ali contidas e o trabalho de pesquisa acadêmica com o qual dialogam. Partiu-se de uma concepção de currículo como um artefato cultural, uma invenção escolar e, portanto, como prática sócio-histórica e culturalmente constituída. O objetivo desta pesquisa foi verificar em que medida os documentos curriculares balizam a seleção de conteúdos e de que modo ocorre esta seleção, em outras palavras, como se constituiu, historicamente, o currículo de literatura como disciplina escolar. A análise dos documentos curriculares permitiu-nos ponderar sobre uma relação já apontada por Geraldi (2003) que o trabalho pedagógico tende a fetichizar o produto do trabalho científico. Tal observação partiu de um exame em que foram cotejadas as várias edições dos dois tipos de documentos curriculares produzidos ao longo dos anos de 1980 no Brasil, nos quais se propunham inovações no ensino de literatura. Observamos ainda que a lógica de incorporação dos resultados do trabalho de pesquisa não é igual nos dois tipos de documento, possivelmente em função do fato de os autores dos textos publicados nos Subsídios para Implementação da Propostas Curriculares de Língua Portuguesa terem sido pesquisadores universitários, e, portanto, eles próprios responsáveis pela elaboração de uma obra original; em contrapartida, o texto da Proposta Curricular de Língua Portuguesa 2º grau, elaborado pela equipe técnica da CENP assume, em grande parte, o modo de apropriação do trabalho científico apontado por Geraldi (2003), sendo possível atribuir aos autores do Subsídios a noção bourdiesiana de auctor e aos autores da Proposta Curricular a de lector. A pesquisa permitiu-nos concluir que esse modo peculiar de apropriação do trabalho científico explica, em parte, a permanência de práticas arraigadas à tradição, embora mescladas a algumas proposições inovadoras. Esta mescla caracteriza a relação compósita dos saberes docentes (Tardif, Lessard, Lahire), outra categoria de análise mobilizada para analisar a questão. Compreendemos, finalmente, que o modo como os docentes podem mobilizar esses saberes é regido, em última instância, pela noção de táticas de consumo (De Certeau, 1994), explicando o que, num primeiro olhar, parece apenas uma burla dos mecanismos de controle impostos pelo currículo, configura-se na verdade, como um mecanismo de busca dos protocolos de ação, mais do que pelos protocolos da pesquisa científica (Anne-Marie Chartier, 2007). |