Valor preditivo positivo da tosse crônica para o diagnóstico de tuberculose: uma revisão sistemática da literatura

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Calixto, Fernando Morelli
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6143/tde-09042021-163411/
Resumo: A tuberculose (TB) é uma doença infectocontagiosa prevenível e potencialmente curável. No entanto, figura entre as dez maiores causas de mortalidade no mundo. Sua transmissão acontece através da inalação de aerossóis contendo a bactéria Mycobaterium tuberculosis eliminados pela via aérea, majoritariamente através da tosse de um indivíduo com a forma pulmonar da doença (que é sua forma transmissível). Por isso, a tosse é reconhecida como o sintoma mais relevante para o ciclo de transmissão, sendo utilizada como ferramenta de triagem inicial em programas de controle de tuberculose. Entretanto, a acurácia desta manifestação no diagnóstico de TB, e, portanto, sua utilidade clínica, manifestada particularmente através de seu valor preditivo positivo (VPP), pode variar amplamente dependendo do contexto onde ela é considerada. Desta forma, o presente trabalho foi conduzido através de uma revisão sistemática com o objetivo de identificar na literatura existente informações sobre o valor preditivo da tosse para a identificação de tuberculose pulmonar. Os descritores utilizados para a pesquisa incluíam termos específicos para \"Tuberculose\", \"Sintomas Respiratórios\", \"Tosse Crônica\" e \"Humanos\". O teste índice foi a tosse crônica e múltiplos testes referências foram considerados (incluindo baciloscopia, cultura da bactéria, métodos moleculares, ou combinações de métodos). Os critérios de elegibilidade incluíram que o estudo avaliasse a presença de tuberculose pulmonar ativa e quantificasse a ocorrência de tosse através do número mínimo de dias para que esta fosse considerada crônica. A revisão identificou 2.289 publicações únicas que foram avaliadas, das quais 84 foram pré-selecionadas para revisão por completo e, desses, 42 publicações foram finalmente incluídas para análise. Estas publicações foram conduzidas em 22 países, dos quais 16 eram considerados como países de alta carga de tuberculose pela OMS. Os estudos utilizaram múltiplas definições para caracterizar a tosse crônica, mas a maior parte deles (75%) consideraram a definição utilizada pela OMS que é definida como durando um mínimo de 2 a 3 semanas. Entre os estudos identificados, a minoria possuía risco baixo para vieses (16,7%). Para estes estudos, o valor preditivo positivo variou grandemente (entre 0% e 61,49%). Em destaque, a condução do estudo em ambiente hospitalar levava a um VPP com uma mediana mais elevada do que em ambientes domiciliares. Consideramos que não seria adequado realizar uma metaanálise devido a diferenças nas metodologias dos estudos, nas conduções dos desenhos, nas características dos participantes, nas características das seleções e amostragens, na gravidade de apresentação da doença, no padrão de procura por atendimentos médicos, e na avaliação da tosse ou na realização do teste confirmatório, os estudos apresentaram alta heterogeneidade. Como conclusão, podemos citar que o VPP da tosse crônica como sintoma no rastreio de pacientes com tuberculose pulmonar apresenta alta variabilidade, a depender do contexto onde ela é considerada. Desta forma, consideramos que se justifica um levantamento específico desta estimativa em cada contexto populacional específico, para poder aplicar ou adaptar a definição de tossidor crônico como ferramenta de vigilância de TB.