As operações epistêmicas na aula de campo de ciências: caminhos entre o mundo material, os modelos e as teorias

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Ricci, Fernanda Pardini
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-15102014-110704/
Resumo: Esta pesquisa se baseia em dados obtidos a partir do registro das interações comunicativas entre monitor e alunos, dos ensinos fundamental e médio, envolvidos em atividades realizadas em duas saídas de campo, uma para Cananeia-SP e outra para Paraty-RJ. Entre as várias atividades realizadas, investigamos aquelas mais similares às aulas formais na escola, que compreendem os momentos em que os monitores interagem com os alunos para desenvolver determinados conteúdos, nesse caso, conteúdos relacionados ao ambiente visitado. Esses momentos são denominados de aula de campo. Nosso objetivo foi analisar e caracterizar as diferentes formas em que o conteúdo científico foi trabalhado pelos monitores em trechos de três aulas de campo, considerando os enunciados produzidos (operações epistêmicas) e os objetos introduzidos no discurso. Para isso, investigamos aulas de dois monitores diferentes. Para a análise, foram utilizados três conjuntos de categorias que compreendem a dimensão epistêmica de um sistema analítico proposto por Mortimer, Massicame, Tiberghien e Buty, e adaptado por Silva, sendo feitas algumas alterações para este trabalho. A formulação das categorias foi baseada em concepções como Gênero do Discurso e Linguagem Social de Bakhtin, sendo considerado também o conceito de Práticas Epistêmicas proposto por Kelly. Essas categorias epistêmicas caracterizam alguns aspectos do discurso e da linguagem empregados durante o desenvolvimento do conteúdo; o conjunto operações epistêmicas diz respeito aos enunciados produzidos, designa ações como descrever, generalizar e exemplificar. O conjunto modelagem indica se o discurso está tratando de um objeto ou evento capaz de ser reconhecido no meio material, ou se faz uso de elementos criados por meio do discurso científico. E o nível de referencialidade caracteriza o uso de um referencial específico ou uma classe de referentes. Os dados foram coletados por meio de gravadores de áudio, sendo transcritos para a análise e codificação das categorias. As análises foram organizadas em Mapas de Categorias Epistêmicas e em Mapas de Percentuais de Tempo, por episódio. Os resultados obtidos mostraram que, independentemente do conteúdo trabalhado e da operação epistêmica empregada, o mundo dos objetos e eventos predominou em praticamente todo o tempo de discurso; assim, mesmo conteúdos como a adaptação dos organismos foram trabalhados quase que exclusivamente a partir de objetos e eventos, que podem ser, de alguma forma, observados, percebidos ou mensurados. Na maior parte do tempo, o discurso também permaneceu fazendo referência a sistemas específicos, principalmente aos sistemas visitados, mesmo quando os monitores fizeram uso de generalizações conhecidas para descrever elementos daqueles sistemas. De todos os episódios analisados, apenas um teve o objetivo de alcançar uma generalização sobre um evento, e outro tratou de dois eventos a partir de situações hipotéticas que poderiam ser consideradas para qualquer ecossistema similar ao visitado. No entanto, mesmo nessas duas situações, a caracterização geral do ecossistema ou do fenômeno específico foi necessária para o desenvolvimento do conteúdo. A descrição foi a operação epistêmica mais empregada, formando a base da caracterização dos ambientes visitados.