Análise comparativa da expressão de vitelogenina em três espécies de abelhas sem ferrão (Meliponini) que diferem quanto à atividade reprodutiva

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2005
Autor(a) principal: Dallacqua, Rodrigo Pires
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59139/tde-06072007-111905/
Resumo: As operárias de abelhas sem ferrão são peculiares com relação à divisão do trabalho reprodutivo para a manutenção da colônia, visto que podem produzir ovos reprodutivos que originam os machos, além dos ovos tróficos destinados a alimentar a rainha. Desta forma, os estudos de expressão de genes e de proteínas envolvidos na biossíntese de vitelo vitelogênese - e incorporação deste material aos ovócitos contribuem para evidenciar diferenças intra e inter-específicas entre as fêmeas, em relação à fertilidade e comportamento reprodutivo. Os perfis de expressão do gene codificador da vitelogenina e da própria proteína, precursora da principal constituinte do vitelo, foram determinados para várias etapas do desenvolvimento de três espécies de abelhas sem ferrão. Para este estudo foram selecionadas as espécies Frieseomelitta varia, cujas operárias nunca põem ovos, mesmo em condições de orfandade, Scaptotrigona postica e Melipona scutellaris, cujas operárias desenvolvem os ovários e participam ativamente da produção de machos. O RNA total de corpo gorduroso sítio de biossíntese de vitelogenina de operárias destas espécies foi extraído e o cDNA obtido por transcrição reversa semiquantitativa foi amplificado, clonado e seqüenciado utilizando-se primers específicos para a vitelogenina de Apis mellifera. Os resultados revelaram que os cDNA parciais obtidos são bastante conservados entre F. varia, S. postica e M. scutellaris e mostram alta identidade (93-100%) em relação à região 3-terminal do cDNA da vitelogenina de A. mellifera. Entretanto, o perfil de abundância do transcrito difere entre as espécies de meliponíneos e entre estas e as abelhas melíferas. Em F. varia e S. postica a expressão do transcrito mostrou-se constitutiva ao longo dos períodos pupal e adulto, mas M. scutellaris mostrou diminuição da abundância de transcritos nas fases pupais mais avançadas e nas operárias recém-emergidas. Estas espécies diferem de A. mellifera cujas pupas não expressam o gene da vitelogenina. A expressão constitutiva deste gene em F. varia e S. postica mostra que a atividade do gene em questão não é modificada pela variação dos títulos de ecdisteróides e hormônio juvenil descrita para A. mellifera e outros insetos, indicando, portanto, ausência de controle da transcrição de vitelogenina por hormônios nas espécies de meliponíneos estudadas. No entanto, os resultados indicam a existência de controle nutricional da atividade do gene da vitelogenina, dado o aumento de expressão verificado em operárias F. varia alimentadas com dieta rica em proteínas (contendo pólen - a fonte de proteínas para as abelhas - e açúcar) em comparação com aquelas que receberam dieta exclusiva de carboidrato (açúcar). A presença da proteína vitelogenina na hemolinfa de F. varia ocorre concomitantemente com a expressão constitutiva do transcrito. Neste aspecto, difere de S. postica e M. scutellaris que também expressam o transcrito da vitelogenina ao longo do estágio pupal e adulto, mas a proteína correspondente somente é detectada nas operárias destas espécies que estão exercendo a função de nutridoras de crias. Pode-se concluir que o gene da vitelogenina é conservado entre as espécies de abelhas até aqui estudadas, porém sua expressão e possivelmente sua regulação diferem entre meliponíneos e abelhas melíferas, refletindo as diferentes estratégias utilizadas na divisão do trabalho reprodutivo.