Família e deficiência no grupo étnico linguístico Yao do norte de Moçambique

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Binze, Aida Duarte
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Yao
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-20082013-155700/
Resumo: O objetivo da pesquisa foi investigar a relação de uma família do grupo étnico-linguístico Yao com um filho deficiente. Para a coleta de dados foi realizado um trabalho de campo no Distrito de Sanga, província de Lichinga, Moçambique. Foram feitas cinco visitas a uma família, com duração aproximada de duas horas diárias, sendo realizadas observações da rotina e conversas com a família, principalmente com a mãe. A família é constituída por dez pessoas, sendo a mãe, seis filhos, entre eles um jovem de 16 anos com deficiência intelectual, e duas avós, uma materna e a outra paterna e um neto. A família apresenta um nível sócio-econômico baixo, não recebem nenhum auxílio financeiro governamental e o sustento vem basicamente da atividade agrícola de subsistência. Todos os membros da família são analfabetos e só falam a língua Yao, sendo necessário o auxílio de uma intérprete para a coleta de dados. Além das observações e conversas com a família, foram realizadas também entrevistas com o líder da comunidade, o curandeiro, a parteira e os agentes sociais. A partir da sistematização dos dados foram propostos os eixos de análise, a saber: dinâmica familiar e participação do jovem Bernardo na rotina da família e da comunidade; explicação da mãe sobre a condição do filho e aspectos referentes à relação entre a família e a pesquisadora. Sobre a dinâmica familiar pode se notar relações afetuosas entre todos membros da família e inclusive no tratamento em relação à Bernardo. Todavia, segundo relato da mãe, não confirmado pela observação, Bernardo fica acorrentado porque invade as casas da vizinhança e pega seus pertences. As interações entre Bernardo e os membros da família são esporádicos, pois o jovem não se comunica verbalmente e fica praticamente o tempo todo isolado, de pé, parado em um canto do terreno da casa. Não passou pelos rituais de iniciação comuns na cultura Yao. A condição de Bernardo, foi explicada pelo curandeiro à mãe, pois a mesma não obteve esclarecimento satisfatório dos médicos. Segundo o curandeiro, a doença de Bernardo é causada pela presença do espírito do irmão gêmeo falecido no momento do parto. A partir do confronto dos dados coletados com outros estudos pode-se notar que várias manifestações decorrentes da presença da deficiência apontadas pela literatura não foram observadas na relação entre a família o jovem Bernardo. Todavia, o pouco tempo de permanência no campo não permite afirmações mais seguras, assim como se torna difícil avaliar o quanto este jovem está incluído ou não na família e na comunidade sem conhecer mais profundamente as referencias culturais. Nesse sentido, esta pesquisa se encerra apontando a necessidade de se realizar mais estudos para se conhecer os significados da deficiência nos diversos grupos étnico-linguísticos de Moçambique e avaliar mais precisamente as condições necessárias para se promover uma melhor qualidade de vida das pessoas com deficiência