Dilemas da desconstrução - a educação crítica diante dos apelos de consumo da indústria cultural: entre questionar a lógica e subtrair o que se gosta sob o capitalismo tardio

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Saboia, Paula Theophilo de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-30012009-134803/
Resumo: Este trabalho foi realizado com o objetivo de compreender a possibilidade de se promover uma educação formativa que oferecesse condições de resistência à cultura do consumo e da publicidade, com o intuito de retirar os sujeitos de uma posição passiva e espectadora para outra, criadora e engajada. Visualizava-se, inicialmente, realizar uma alfabetização para a publicidade, que proporcionasse aos jovens alguns instrumentos para lidar com estes estímulos de forma lúcida e alerta. Nossa investigação teórica e de campo indicou, finalmente, que esta tarefa pode suscitar resistências psíquicas associadas à retirada do que se gosta, ou acredita-se gostar que envolve sonhos baseados em ter e parecer e o consumo de marcas - aspectos que podem ser entendidos como alguns dos pilares da ideologia e da lógica da indústria cultural sob o capitalismo tardio. Os conceitos teóricos norteadores do trabalho foram sociedade administrada e indústria cultural, como apresentados por Theodor Adorno e Max Horkheimer, da Escola de Frankfurt, assim como as propostas de Adorno para uma educação formativa que atuasse como antídoto a tal indústria. Os conceitos de ideologia, da forma como articulados, depois de Marx, por Wilhelm Reich e retomadas por René Kaës, em sua Teoria Psicanalítica de Grupos, foram fundamentais para se refletir sobre a construção de laços sociais e a mediação de grupos, segundo uma perspectiva transformadora. Para analisarmos os discursos dos jovens, recorremos ainda à formulação freudiana de perlaboração, aos estudos sobre as problemáticas adolescentes de Mônica do Amaral, Jeammet e Corcos e outros autores. O olhar de Gilles Lipovetsky sobre os fenômenos da contemporaneidade e a assim chamada Cultura Moda-Mídia foi importante para atualizar uma discussão acerca da sociedade de consumo. Como resultado de nosso trabalho de campo, conduzido com jovens do 3º ano do Ensino Médio de uma escola pública de São Paulo, concluímos que a apreensão formal do que está por trás da lógica da publicidade é rápida e precisa. Porém, ela implica uma desconstrução que pode ser ameaçadora e dolorida e que deve ser cuidada com atenção, uma vez que se trata de uma desconstrução estrutural do que percebemos que nos cerca e pode levar consigo alguns sonhos. Estes, embora emprestados da indústria cultural, são os que existem, os que guiam a muitos de nós. O trabalho de educação crítica para o consumo e a publicidade deve, portanto, ultrapassar uma abordagem instrumental, e focalizar o fortalecimento do eu, por meio de atividades que propiciem a autoconsciência e a transformação intra e intersubjetiva, e que preferencialmente atue no território do intermediário através da mediação de grupos.