Adolescentes no momento de saída do abrigo: um olhar para os sentidos construídos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: Martinez, Ana Laura Moraes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-01022007-121705/
Resumo: A adolescência é freqüentemente compreendida particularmente na Psicologia do Desenvolvimento como uma fase da vida marcada por características mais ou menos universais. Partindo da perspectiva sócio-histórica, propõe-se aqui considerar a existência de múltiplas adolescências, vivenciadas por sujeitos singulares. Buscando compreender estas múltiplas adolescências, o presente estudo buscou investigar uma adolescência bastante esquecida pela literatura científica ? a adolescência vivenciada no momento da saída do abrigo. Compreendendo que estes adolescentes são significados pelos protagonistas envolvidos (o próprio adolescente, família, equipe técnica, educadoras, leis, etc.) de forma bastante diferente de um adolescente ?padrão? da classe média /alta, o presente estudo teve como objetivo dar visibilidade aos sentidos produzidos pelo adolescente no momento de saída do abrigo, entendendo que este momento traz para o adolescente uma série de mudanças com as quais ele tem negociar. Partindo do referencial sócio-histórico e da perspectiva teóricometodológica da Rede de Significações, foram realizadas entrevistas abertas com dois adolescentes, antes e após a saída do abrigo, totalizando quatro entrevistas, bem como a produção de material narrativo feita por um dos adolescentes. Além disso, foram realizadas visitas ao abrigo, registradas em notas de campo e uma entrevista com a assistente social. Como metodologia de análise foram delimitados, no contato com o material, cinco temas de maior recorrência: 1) Abrigo; 2) Saída do abrigo; 3) Família biológica; 4) Adoção; 5) Perspectivas de futuro. A partir desta delimitação, buscou-se investigar quais as zonas de sentidos que os adolescentes produziam sobre cada um destes temas. Como apontamento final observou-se que cada um dos adolescentes se descrevia e era descrito pelo abrigo de formas bastante distintas (adolescente modelo e adolescente deprimido). Estas diferentes descrições, mais que valorizar a subjetividade de cada um, implicavam em práticas discriminatórias e promotoras de desigualdades, inclusive no momento da saída do abrigo, facilitando a saída para um e dificultando para outro ? algo que fere o entendimento do adolescente como sujeito de direitos (Estatuto da Criança e do Adolescente). Além disso, observou-se uma ausência de políticas voltadas para o momento da saída do abrigo, o que transforma esta transição em uma vivência bastante solitária para os adolescentes. Na falta de uma rede de apoio extensa que auxilie o adolescente nesta transição, cada um acaba por utilizar seus próprios recursos, ficando bastante dependente do abrigo. A partir destas considerações, acredita-se que este estudo possa contribuir não só para compreender a adolescência como múltipla e dotada de possibilidades (e não só de limitações), mas também para enriquecer as discussões sobre as ações e discursos que têm regido os abrigos bem como suas prática e quotidiano na atenção a estes jovens que lá permaneceram durante tantos anos.