Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Capitani, Camila Alderete |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde-13082021-210307/
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Resumo: |
Situada na dimensão das práticas sociais, a argumentação é uma atividade humana não coersiva que se enquadra no domínio da controvérsia, da polêmica e conserva o diálogo como sua matriz relacional. Seu ensino amplia a competência argumentativa do discente, composta pelas capacidades de dialogar, pensar, optar e comprometer-se, essenciais à formação do cidadão, segundo Grácio (2016). O espaço escolar torna-se, em vista disso, apropriado à promoção de práticas docentes esteadas em conhecimentos teórico-práticos que favoreçam o planejamento de aulas voltadas a esse fim. A problematização da pesquisa, que se instala, portanto, nesse contexto, consiste em responder como a análise retórico-interacionista de uma obra literária, tal como Auto da Compadecida, pode ser mobilizada em sala de aula para criar situações de ensino-aprendizagem que possibilitem ampliar a competência argumentativa dos discentes no ensino básico. O objetivo geral é, por conseguinte, construir um instrumento de análise retórico- interacionista do éthos, ancorado nos indícios do lógos, aplicável a distintas práticas argumentativas, dentre elas as que se dão no âmbito de obras literárias, de forma a embasar um trabalho didático orientado a esse fim. A obra Auto da Compadecida é apropriada a tal intento porque João Grilo corporifica o poder do discurso persuasivo: constrói-se como orador/argumentador perante um auditório/argumentador heterogêneo e passa de \"amarelinho safado\", no primeiro ato, a porta voz do grupo, símbolo da esperança, no terceiro. Essa transformação etótica deve-se a sua competência argumentativa revelada ao longo das cenas teatrais. Observar, portanto, como ocorre tal construção nas diversas situações argumentativas presentes na obra abre caminhos para apresentar uma proposta didática de cunho retórico-interacionista que visa desenvolver as habilidades performativas inerentes ao argumentar. Para realizar esse propósito, a pesquisa foi concebida sob as bases teóricas de Aristóteles (2012), Perelman (1993; 2004), Perelman e Olbrechts-Tyteca (2005), Grácio (2013;2016; 2019), Meyer (2007), Plantin (2008), autores que serviram para fundamentar o instrumento retórico-interacionista aplicado.Quanto às demais áreas, utilizaram-se os estudos de Candido (2011), Lajolo (1982; 1993), Zilberman (2012), Cosson (2006), Compagnon (2009), Leahy- Dios (2000), Chiappini (1983) e os de Azevedo (2013), Leitão (2011; 2012), Ribeiro (2009), Leal, Brandão, Correia e Guerra (2010) para compor um quadro crítico do ensino-aprendizagem de Literatura e Argumentação, tendo em vista os potenciais e limitações vigentes. A fim de desenvolver as dimensões epistemológicas que recobrem essa pesquisa - Retórica, Interacionismo, Literatura e Didática -, aplicou-se uma metodologia de abordagem qualitativa, de natureza aplicada, com objetivos exploratórios e procedimentos bibliográficos, conforme Lakatos e Marconi (2003). O instrumento retórico-interacionista desenvolvido mostrou-se propício à elaboração de \"questões motivadoras\" que nortearam a proposta didática. Orientada à discussão da construção etótica de João Grilo, a proposta traça um percurso investigativo que parte da imagem \"pré-construída\" pelos discentes a respeito do personagem, à imagem (re)construída após análise e discussão da obra. Contemplada a dimensão interativa da argumentação, gera-se espaço para que, ao ensinar a argumentar, o docente assuma também uma postura argumentativa, aberta à interrogação, à crítica, ao diálogo, a fim de que sua prática seja, a tal ponto, exemplo da teoria, que os discentes se tornem capazes de expandir os conhecimentos curriculares fora dos muros da escola. |