Estado nutricional de indivíduos com Comprometimento Cognitivo Leve e Doença de Alzheimer em relação ao Selênio e sua associação com parâmetros que predispõem ao declínio cognitivo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Leme, Adriana Gisele Hertzog da Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/9/9132/tde-03082021-113014/
Resumo: A Doença de Alzheimer (DA) é a principal forma de demência e um dos grandes desafios no sistema de saúde do século 21. O Comprometimento Cognitvo Leve (CCL) é um estágio que antecede a DA e que compartilha algumas vias metabólicas em comum. A fisiopatologia da DA é caracterizada pela ampla morte neuronal e pela presença de placas neuríticas e emaranhados neurofibrilares, respectivamente relacionadas ao acúmulo de peptídeo beta amiloide (Aβ) em tecidos cerebrais e alterações no citoesqueleto que se originam da hiperfosforilação da proteína tau nos neurônios. Algumas linhas de evidência sustentam a hipótese de que o estresse oxidativo, nitrosativo e a inflamação tenham um papel importante na patogênese tanto do DA como do CCL. O selênio, mineral essencial ao ser humano, encontra-se incorporado ao sítio ativo de 25 selenoproteínas, das quais pelo menos um terço apresenta papel antioxidante, além de potencialmente modularem o sistema inflamatório. Deste modo, o estado nutricional adequado dos indivíduos relativo ao selênio, parece exercer efeito neuroprotetor, reduzindo o risco para o CCL e DA e retardando a progressão destas doenças. A entrega de selênio para o cérebro se dá pela interação da selenoproteína P (SELENOP) com o receptor de apolipoproteína E2 (ApoER2). A apolipoproteína E (ApoE) também interage com o ApoER2 no metabolismo de lipídeos. Assim, pode-se pensar que indivíduos portadores do polimorfismo do gene da apolipoproteína E ε4 (APOE ε4), o principal polimorfismo genético para o aumento no risco de desenvolvimento de DA, possam ter essa entrega de selênio prejudicada para o cérebro uma vez que os receptores ApoER2 dos portadores do polimorfismo de APOE ε4 são sequestrados para compartimentos intracelulares, sendo menos expressos na membrana plasmática e portanto diminuindo a interação com a SELENOP. Este trabalho teve por objetivo avaliar se a distribuição do selênio no plasma e líquor de indivíduos portadores de CCL e DA é afetada pelo alelo APOE ε4, avaliar se o estado nutricional do indivíduo em relação ao selênio afeta marcadores de assinatura biológica para DA (peptídeo beta amilóide, proteína tau e proteína tau fosforilada) e concentrações de citocinas inflamatórias. Para tanto, foram selecionadas amostras de plasma e líquor do banco de material biológico do Instituto de Psiquiatria da FMUSP, sendo 14 indivíduos do grupo CCL, 28 indivíduos do grupo DA e 28 indivíduos controles, de ambos os gêneros, com idade acima de 60 anos e residentes na cidade de São Paulo. Foram avaliados os seguintes marcadores: concentrações de selênio no plasma e líquor, concentrações SELENOP no plasma e líquor, citocinas inflamatórias, fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF) e marcadores de assinatura biológica para DA. Não foi evidenciada diferença entre os três diferentes grupos em relação ao selênio e a SELENOP da mesma forma que não houve influência do genótipo APOE ε4 nas concentrações de selênio e SELENOP, porém houve uma tendência de menores concentrações de selênio plasmático nos carreadores do alelo APOE ε4. Também houve uma tendência a uma menor pontuação nos testes MMSE e CAMCOG em indivíduos com menores concentrações plasmáticas de selênio. Não se evidenciou que o estado nutricional dos indivíduos em relação ao selênio influencie as concentrações de marcadores para assinatura biológica para DA e de citocinas inflamatórias, com exceção da IL-10 que apresentou correlação positiva com SELENOP plasmática. A partir desses resultados, conclui-se que o estado nutricional dos indivíduos relativo ao selênio parece não ter influencia significativa em aspectos do CCL e DA e que sua distribuição não é alterada pelo genótipo APOE ε4.