Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Bogniotti, Lauro Afonso Côrtes |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5178/tde-23072021-111716/
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Resumo: |
Introdução: A cirurgia carotídea é uma possível estratégia para a prevenção do acidente vascular encefálico (AVE) em determinados pacientes, porém o perfil intrínseco de morbidade da operação também deve ser avaliado. Além do risco de infarto do miocárdio e AVE perioperatórios, os pacientes, em virtude de estímulo direto ao seio carotídeo, podem desenvolver hipotensão e/ou bradicardia no pós-operatório, caracterizando-se a \"depressão hemodinâmica\" (DH), que pode estar associada a desfechos cardiovasculares adversos graves. Objetivo: Estimar a incidência de DH após cirurgia carotídea, identificando seus fatores de risco. De maneira secundária, avaliar a associação entre DH e desfechos cardiovasculares adversos. Métodos: Análise retrospectiva dos prontuários de 220 pacientes submetidos a 237 procedimentos de angioplastia e/ou endarterectomia entre Janeiro de 2014 e Dezembro de 2018 em dois hospitais de nível terciário e quaternário. Depressão hemodinâmica foi definida como a ocorrência de bradicardia ou hipotensão nas primeiras 24h após o procedimento cirúrgico. Considerou-se bradicardia como frequência cardíaca < 50bpm; hipotensão como pressão arterial sistólica (PAS) < 90mmHg ou necessidade de vasopressor contínuo ou queda da PAS >= 20% em relação ao basal. Os eventos cardiovasculares adversos considerados foram infarto do miocárdio, acidente vascular encefálico e morte por causa cardiovascular. Resultados: Em nossa população, 62,0% dos pacientes eram do sexo masculino; a média de idade foi 68,66 anos; 92,4% hipertensos; 42,2% diabéticos; 31,2% portadores de doença arterial coronariana; 48,5% com história pregressa de AVE e 31,2% com estenose carotídea sintomática. Ao todo, foram realizadas 178 endarterectomias (75,10%) e 59 angioplastias (24,90%) carotídeas. A incidência de DH foi 54,4% (hipotensão em 50,2%; bradicardia em 11%; hipotensão e bradicardia em 6,8%). Em relação aos desfechos adversos avaliados, ocorreram em 11% do total de procedimentos, sendo 16 infartos do miocárdio, 14 AVEs e 2 mortes cardiovasculares. Após análise multivariada, os fatores de risco independentes para DH encontrados foram estenose carotídea assintomática (OR: 1,824; IC 95%: 1,014 - 3,280; p = 0,045), angioplastia carotídea (OR: 3,319; IC 95%: 1,675 - 6,576; p = 0,001) e hipotensão ou bradicardia no intraoperatório (OR: 2,144; IC 95%: 1,222 - 3,762; p = 0,008). Apenas a DH com necessidade de uso de vasopressor contínuo no pós- operatório esteve associada a desfechos cardiovasculares adversos (OR: 5,504; IC 95%: 1,729 - 17,529; p = 0,004). Conclusões: A incidência de DH é alta e é influenciada pela técnica cirúrgica, pela presença de sintomas decorrentes da estenose carotídea e pela ocorrência de hipotensão ou bradicardia no intraoperatório. Acreditamos que o tratamento imediato da DH oferecido rotineiramente aos pacientes possa explicar a ausência de correlação com os desfechos adversos cardiovasculares pesquisados, tendo sido detectada associação apenas no subgrupo mais extremo da Depressão Hemodinâmica que necessitou de infusão contínua de vasopressor. Destarte, reforça-se a necessidade de monitorização cardiovascular nas primeiras 24 horas após cirurgia carotídea como prática habitual. |