Análise espacial e temporal da tuberculose entre pessoas em uso crônico de álcool, tabaco e ou drogas ilícitas no Estado do Paraná

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Scholze, Alessandro Rolim
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22133/tde-22032022-151416/
Resumo: Introdução: A tuberculose é uma doença infectocontagiosa causada pelo Mycobacterium tuberculosis, que tem estreita relação com as desigualdades sociais, atingindo principalmente pessoas em exclusão social, e por vezes, em uso abusivo de álcool, tabaco e drogas ilícitas. Objetivo: Analisar a distribuição espacial e tendência temporal dos casos diagnosticados por tuberculose entre alcoolistas, tabagistas e usuários de drogas ilícitas no Estado do Paraná, Sul do Brasil. Métodos: Tratou-se de um estudo ecológico, desenvolvido nos 399 munícipios do Estado do Paraná. A população do estudo consistiu de casos diagnosticados de tuberculose no Sistema de Informação de Agravos de Notificação, entre o período de 2008 a 2018 com declaração de alcoolismo, tabagismo e uso de drogas ilícitas. Recorreu-se à análise exploratória dos dados por meio da estatística descritiva com o cálculo de medidas de frequências absolutas e relativas. Para a identificação de clusters, recorreu-se à técnica denominada Getis-Ord Gi*. Para a detecção dos aglomerados de risco espacial aplicou-se a Estatística de Varredura Puramente Espacial e o Spatial Variation in Temporal Trends. E nas séries temporais utilizou o método de autorregressão Prais-Winsten e a decomposição de séries temporais denominado Seasonal-Trend by Loess. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Resultados: Foram diagnosticados 29.499 casos de TB desses, 32,41% (n=9.529) faziam uso de algum tipo de substância psicoativa, sendo o alcoolismo o mais prevalente 20,4% (n=6.013), seguido do tabagismo 14,2% (n=4.185) e drogas ilícitas 9,8% (n=2.893). Quanto à detecção dos aglomerados de risco espacial, entre os que faziam uso do álcool, observou-se incidência de 5,4 casos/100 mil habitantes e um crescimento anual de 0,58%. Quanto ao tabagismo, verificou-se incidência de 3,8 casos por 100.000 habitantes, e um crescimento anual de 37,08% já as outras drogas, uma incidência de 2,6 casos/100.000 habitantes. Observou-se que 1.099 casos eram populações privadas de liberdade, sendo que a maioria era tabagista (n=460;41,8%), seguido por usuários de drogas ilícitas (n=451;41,0%) e alcoolistas (n=179;16,3%). Dentre esses casos, observou-se uma tendência temporal decrescente e hotspost para alcoolismo, tabagismo e drogas ilícitas nas quatro macrorregionais do Estado. Entre os casos de TB levantados, 560 eram de pessoas em situação de rua, tendo-se que a situação de alcoolismo foi a mais prevalente (n=420; 36,30%), seguido pelo tabagismo (n=382; 33,02%) e outras drogas ilícitas (n=355; 30,68%). Ao aplicar a tendência temporal também apresentou um cenário crescente no estado para todas as categorias analisadas. E ao identificar os hotspost entre a população nota-se que, houve associação espacial local apenas na macrorregional Leste na região metropolitana de Curitiba para alcoolismo, tabagismo e outras drogas ilícitas. Conclusão: O estudo avança no conhecimento ao evidenciar a problemática do uso de drogas entre pessoas com diagnóstico de TB, evidenciando uma tendência de crescimento desses eventos. Além disso, o estudo também evidenciou a problemática dessa situação em populações privadas de liberdade e em situação de rua. Apesar do Sul ser considerado região de grande riqueza, o estudo evidencia o contraste, da situação de desigualdade que aflige essa população, exprimindo a situação da TB, uso nocivo de drogas e da exclusão social. Os resultados advindos com o estudo evidenciam os desafios do país em se avançar no fim da TB, e serve de base de evidência para nutrir políticas publicas e desenvolvimento de ações estratégicas em territórios e grupos vulneráveis.