Contabilidade é coisa de mulher? a influência dos estereótipos de gênero na escolha de carreira de mulheres em Ciências Contábeis

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Bergamini, Beatriz Sinfronio
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12136/tde-12012021-133557/
Resumo: O presente estudo busca ajudar na identificação dos estereótipos de gênero que podem funcionar como barreira de entrada para mulheres na profissão contábil e, portanto, contribuir com a desmistificação da profissão. Espera-se, também, que esse estudo ajude a compreender como estereótipos integram o desenvolvimento do nosso conceito de gênero e como as diferenças sexuais hierarquizam as atividades tidas como femininas e masculinas, uma vez que a definição de gênero é uma forma primária de dar sentido as relações de poder e, assim, por meio da desconstrução desses pré-conceitos, construir uma sociedade mais igualitária com oportunidades iguais de acesso e evolução entre homens e mulheres. Os principais pontos discutidos no trabalho dizem respeito a como a autoimagem (identidade, autopercepção) das mulheres atua no processo de escolha de carreira, levando em conta a percepção que elas possuem da profissão e do profissional contábil, enfatizando os estereótipos relacionados ao gênero feminino. Para tanto, este estudo tem como objetivo responder à questão de pesquisa: De que modo estereótipos de gênero influenciam a escolha de mulheres pela carreira em Ciências Contábeis? Para alcançar esse objetivo, foram aplicados questionários utilizando um Chatbot e entrevistas semiestruturadas. Na fase de questionário, 2.449 pessoas interagiram de alguma forma com o Chatbot. Destas, 2.051 abandonaram ou desistiram de finalizar a pesquisa. No entanto, 205 pessoas que chegaram ao fim do questionário não faziam parte do público-alvo da pesquisa. Portanto, foram 193 pessoas integrantes do público-alvo que responderam o questionário até o fim. Assim, das 44.266 mensagens trocadas entre o robô e os/as respondentes apenas 11.739 foram válidas para análise. Na fase de entrevistas, falamos com seis mulheres a fim de aprofundar e confirmar os achados da literatura utilizada e nos dados obtidos por meio do questionário. As conclusões apontam que, ao contrário de alguns estudos, a imagem da profissão e do profissional entre as mulheres participantes é positiva. Apesar disto, elas não possuem interesse em seguir na profissão contábil. Embora explicitamente não associem a contabilidade a um perfil masculino, implicitamente as associações que fazem remetem a comportamentos e habilidades tidas como majoritariamente masculinos. Os achados indicam também que as mulheres têm maior propensão a escolher carreiras relacionadas ao cuidado (care), e que a associação errônea da Contabilidade com a área de exatas é uma barreira real de afastamento entre as participantes e profissão. Parte destes problemas abordados no trabalho poderia ser minimizada com uma apropriada exposição e divulgação da profissão na etapa de escolha de carreira. Mas durante o estudo, pudemos verificar que tanto as instituições educacionais quanto os órgãos responsáveis por difundir a profissão não possuem políticas ou iniciativas apropriadas para levar a imagem da Contabilidade para um público em fase pré-universitária. Ou seja, perpetua-se uma imagem da profissão que afasta das mulheres da possibilidade de considerar Contabilidade como uma opção de carreira.