Influência do gradiente de intensidade de uso do solo sobre a integridade ecológica de riachos neotropicais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Santos, Gláucia Regina
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11150/tde-14022022-092134/
Resumo: Riachos de cabeceira apresentam forte conexão com o ambiente terrestre, sendo assim o grau de conservação da vegetação ripária e o uso do solo em sua área de contribuição exercem efeitos diretos e indiretos sobre riachos. Os impactos diretos incluem modificações nos processos hidrológicos, na morfologia do canal, tamanho e quantidade de troncos fornecidos, na cobertura do dossel e parâmetros da água; enquanto que os impactos indiretos se relacionam às alterações na comunidade aquática. A relação de dependência entre o ecossistema aquático e terrestre, influencia a qualidade da água e o habitat físico, e como consequência, promove alterações sobre a comunidade aquática e processos ecológicos. Desta forma, pretendemos responder às seguintes questões neste estudo: (i) existe uma relação direta entre a intensidade de uso do solo na microbacia e características físicas e químicas de riachos de cabeceira? (ii) como o gradiente de intensidade de uso do solo na microbacia afeta a estrutura da comunidade de macroinvertebrados? O estudo foi realizado em 18 riachos, na região de São Miguel Arcanjo (SP), representando um gradiente de intensidade de uso do solo: vegetação nativa conservada; plantios de Eucalyptus spp entre 4 a 7 anos; plantios jovens de Eucalyptus spp com idade até 3 anos; agricultura com alta presença de vegetação ripária; e agricultura com baixa presença de cobertura ripária. Os parâmetros da água obtidos in situ e analisados em laboratório foram: concentração de oxigênio dissolvido, temperatura, condutividade elétrica, pH, nutrientes, íons, carbono orgânico dissolvido, carbono inorgânico dissolvido e sólidos suspensos totais. Para caracterizar o habitat físico (e.g. morfologia do canal, substrato, volume de madeira etc) dos riachos, foi aplicado o protocolo desenvolvido pela Agência de Proteção Ambiental Norte-Americana (US-EPA). Para avaliar os efeitos na comunidade aquática, os macroinvertebrados aquáticos foram coletados em 10 subtrechos do riacho com o uso do surber, em uma extensão de 100 a 150 m. De forma geral, os resultados mostraram que os efeitos do uso do solo sobre o habitat de riachos em regiões neotropicais não foram graduais e contínuos em todas as categorias de variáveis (morfologia do canal, substrato, hidráulica, pedaços de madeira, vegetação ripária, influência humana e qualidade da água). Os riachos em áreas de floresta nativa apresentaram as melhores condições, ou seja, a presença de vegetação ripária contínua e conservada, possibilitaram maior heterogeneidade no habitat aquático e presença de diferentes micro-habitats que são indispensáveis para a sobrevivência da biota aquática. Por outro lado, a abundância do grupo Chironomidae aumentou em direção aos usos mais intensivos. Este trabalho confirma que usos menos intensivos impactam menos a comunidade aquática. Assim, os usos mais intensivos devem aplicar boas práticas de manejo do solo, dentre outras medidas, pois isso irá refletir na proteção dos riachos.