A temática LGBT em partidos políticos: o caso do PSDB paulista

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Cruz, João Filipe Araujo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8132/tde-02062021-183617/
Resumo: Esta pesquisa busca contribuir para os debates a respeito das relações entre movimentos sociais e política institucional. Para tanto, deteve-se em torno da relação entre movimento LGBT e partidos, observada a partir da criação de núcleos LGBT ou núcleos de diversidade em agremiações partidárias. Investigou-se a criação e os primeiros anos de atuação do Diversidade Tucana (DT), primeiro núcleo criado fora do âmbito da esquerda, em 2006, no PSDB. Recorrendo às teorias dos movimentos sociais, especialmente à Teoria do Confronto Político (TCP), analisa-se material documental e entrevistas semiestruturadas e defende-se que foi necessária a convergência de certas oportunidades culturais e políticas que foram apropriadas pelos atores sociais envolvidos na criação do DT, notadamente: a vitória de Serra (PSDB) para a prefeitura de São Paulo, em 2004, que foi sucedida por ações em prol da diversidade sexual em sua gestão; a disseminação do enquadramento interpretativo da \"diversidade sexual\"; e a consolidação de um mercado GLS. Argumenta-se que entre a segunda metade dos anos 2000 e o início dos anos 2010, período compreendido pela pesquisa, a configuração político-partidária em São Paulo era fortemente marcada pela oposição entre PT e PSDB, o que impactava o movimento LGBT em âmbito local. Ao cotejar a trajetória do Diversidade Tucana - que surgiu visando ser um contraponto à \"hegemonia petista\" no movimento - foi possível situar o ano de 2008 como um momento de inflexão a partir do qual a tensão entre PT e PSDB passou a constituir uma marca do movimento LGBT local. Naquele ano, a realização do ciclo de conferências LGBT, a reestruturação do Conselho Municipal LGBT e as eleições municipais tornaram o contexto propício para o acirramento da tensão entre petistas e tucanos no interior do movimento. Ademais, discute-se o lugar de um núcleo partidário nas relações entre movimento e partido. No caso do Diversidade Tucana, defende-se que o grupo possui uma dualidade constitutiva, ou seja, é inerente à existência do DT lidar com a tensão entre o movimento e o partido. O recurso a tal noção permitiu ir além da dicotomia entre cooptação/autonomia e perceber que embora vinculado à estrutura partidária, o DT não esteve necessariamente submetido aos interesses do partido, visto que a sua atuação sempre foi agenciada contextualmente.