Resumo: |
As terapias integrativas e complementares têm sido utilizadas há tempos para o tratamento e prevenção de diversos males. A fitoterapia utiliza plantas para estes tratamentos e, dentre estas, destacamos a Chamomilla recutita (L.) rauschert, conhecida popularmente como camomila. Trata-se de uma planta muito utilizada popularmente com finalidades terapêuticas, que possui propriedades anti-inflamatórias, digestivas, calmantes e cicatrizantes. Frente a estas propriedades e em conjunto com a tecnologia farmacêutica para elaboração de micropartículas com liberação controlada, este estudo teve como objetivo desenvolver uma formulação tópica de micropartículas de quitosana com camomila e realizar estudos preliminares de seu uso considerando aplicações futuras para prevenção de lesões de pele. Para alcançar o objetivo proposto, este trabalho foi realizado em três partes. A primeira parte consistiu no desenvolvimento da formulação tópica a ser testada. Para isso, foi realizada a caracterização farmacognóstica do material vegetal adquirido, a extração da planta, a microencapsulação deste extrato e o teste com incorporação destas em diversas formulações. Nesta etapa, o material vegetal apresentou características recomendadas pela Farmacopeia Brasileira, o extrato e a microencapsulação apresentaram resultados positivos e ao final foram selecionadas três formulações para testes preliminares. Estes testes consistiram em um ensaio de permeação em célula de Franz e estudos de estabilidade preliminar, acelerada e de longa duração. Nestes testes das três formulações previamente escolhidas, apenas uma foi eleita para as demais etapas. Na segunda parte do estudo as micropartículas desenvolvidas foram testadas quanto à sua citotoxicidade em fibroblastos e queratinócitos de pele humana e também quanto ao seu efeito frente à exposição à radiação ionizante. Nestes ensaios as micropartículas demonstraram citotoxicidade apenas nas maiores concentrações. Observa-se que a toxicidade celular do extrato é maior quando comparado as microcápsulas. Ainda neste estudo, o maior efeito protetor para a radiação nas três soluções em teste foi observado na faixa de dose entre 1:1000000 e 1:10000 nos queratinócitos e entre as concentrações 1:1000000 e 1:10000 nos fibroblastos. Na última parte deste estudo foi desenvolvido um ensaio clínico fase I para verificar a segurança e eficácia preliminar da formulação em voluntários saudáveis. Participaram deste ensaio 35 voluntários que utilizaram a formulação teste em um antebraço e uma formulação sem as micropartículas para controle no outro antebraço durante 28 dias. De acordo com os resultados a formulação não causou eritema, descamação, ardor, prurido ou dor dentro de um período de quatro semanas de uso. Houve um aumento do conteúdo aquoso no local de aplicação da formulação com as micropartículas e no controle do mesmo braço. Na avaliação da função barreira houve um aumento da perda transepidérmica de água após o uso do produto, mas este aumento também foi encontrado nos controles. Conclui-se que a formulação é estável e segura para o uso na pele íntegra e seus efeitos na hidratação da pele e na função barreira devem ser melhor estudados |
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