Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Moyano, Thiago Marcel |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8147/tde-02012023-134439/
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Resumo: |
A crítica literária contemporânea, em sua interface com os estudos de gênero e a teoria queer, tem sistematicamente denunciado importantes lacunas entre o feminismo e o pensamento pós e decolonial na perquiricação das subjetividades. Tinsley (2008) aponta, em especial, a utilização da noção de fluidez -- tão cara ao Pós-estruturalismo -- por esses diferentes pilares da academia, em um movimento que sempre acaba por obliterar algum aspecto da identidade. Dois tropos se entrelaçam, portanto, na empreitada de se ater simultaneamente a tantas diferentes dimensões do sujeito: corpo e espaço. Através desses dois principais eixos temáticos e ciente de tais flancos na seara dos estudos literários, este trabalho traz à tona a produção ficcional de Shani Mootoo, uma escritora indocaribenha, lésbica, radicada no Canadá. Por meio de uma leitura cuidadosa de sua coleção de contos Out on Main Street and Other Stories( 1993)1 e dos romances Cereus Blooms at Night(1996)2, He Drown She in the Sea (2005)3, Valmiki\'s Daughter4 (2008a) e Moving Forward Sideways like a Crab (2014)5, demonstrarei como a autora lança mão de uma série de recursos linguísticos e literários, culminando na elaboração de uma ferramenta teórica capaz de mobilizar de modo interseccional as diferentes camadas que compõem subjetividades queer e póscoloniais. Pela formação daquilo que chamarei de \"alterlugares\", a autora mostrar-seá sempre atenta às relações de poder que demarcam diferentes cidadanias no eixo dos deslocamentos Norte-Sul, atravessadas também pelos componentes da identidade de gênero e da orientação sexual. Reflexões no âmbito do feminismo angloamericano e da teoria queer, de teóricas como Judith Butler, Teresa de Lauretis e Joan Scott; textos canônicos do pós-colonialismo, como da Edward Said, Homi Bhabha, Paul Gilroy e Stuart Hall; intervenções críticas do feminismo negro e do pensamento interseccional de Audre Lorde, bell hooks, Glória Anzaldúa, Anne McClintock, Kimberlé Crenshaw e Maria Lugones, bem como a provocação de Patrick Johnson (2001) em torno das limitações da teoria queer em sua formulação do conceito de \"quare\" e a leitura de Rosamond King (2014) acerca das diferentes identidades sexuais e de gênero dos povos caribenhos servirão de aparato teórico para esta investigação. Ao longo dos capítulos dessa tese, demonstrarei como diferentes subjetividades limítrofes e uma ampla pluralidade de corpos e existências compõem não somente o tecido social caribenho, mas também marcam sociedades cada vez mais influenciadas por dinâmicas transnacionais e por movimentos diaspóricos em série. Além disso, imiscuindo corpo e espaço, os alterlugares do corpo no texto literário de Mootoo formarão novas organizações sociais movidas não por afiliações de parentesco ou de determinados estados-nacionais, mas sedimentadas por redes de solidariedade e resistência que transcendem fronteiras nacionais e denunciam a instável ficcionalidade das mesmas. Desta forma, corpos trans, pós-coloniais, decoloniais e corporalidades quare serão projetados na linha de frente para uma compreensão mais profunda da constituição de subjetividades no século XXI. |