Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Marin, Maria Lucia Aparecida Carnevale |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5146/tde-22092022-151310/
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Resumo: |
A endometriose (EDT) é uma doença caracterizada pela presença de epitélio semelhante ao endométrio e/ou estroma, fora do endométrio e miométrio, com alterações imunológicas que incluem a redução da atividade citotóxica de células NK e TCD8+. MICA (Major Histocompatibility Complex class I Chain-related A) é uma molécula, principalmente, induzida por estresse biológico, e sua forma solúvel (sMICA) modula, negativamente, a expressão do seu receptor NKG2D, em células NK e TCD8+T, reduzindo a resposta citotóxica. Investigamos o papel de MICA na fisiopatologia da EDT, analisando diversos parâmetros biológicos, e considerando seus estádios e sítios de acometimento, assim como a potencial participação de MICA solúvel (sMICA) na deficiência da atividade efetora de células NK. A expressão gênica de MICA (qRT-PCR) no endométrio eutópico (EDT, n=29; CTR, n= 23) não mostrou diferença entre os grupos (p >0,05). No entanto, a sua expressão proteica (imunohistoquímica) mostrou maior frequência de alta expressão no epitélio glandular do endométrio eutópico na EDT, em relação ao CTR (p= 0,0134), sugerindo haver alterações imunológicas em células endometriais, envolvendo MICA, previamente à sua migração e instalação ectópica, sugerindo, assim, seu papel na resposta inflamatória e como fonte de sMICA. Os níveis de sMICA (ELISA) foram maiores no grupo EDT (n=161; soro, p= 0,0004; FP, p< 0,0001), tanto nos estádios iniciais (soro, p= 0,0114; FP, p= 0,0052) como nos avançados da doença (soro, p= 0,0001; FP, p< 0,0001), em relação aos CTRs (n=76), também associados à doença profunda (PROF) (soro, p= 0,003; FP, p= 0,0004) e PROF + ovariana (OVA) (soro, p< 0,0001; FP, p< 0,0001), em relação aos CTRs. Esses resultados sugerem o envolvimento de sMICA na fisiopatologia da endometriose, na sua progressão e/ou gravidade. A menor frequência da subpopulação citotóxica CD56dimCD16+ (p= 0,0456) (citometria de fluxo), na EDT, pode contribuir para a deficiência de citotoxicidade observada na doença. Por outro lado, a maior intensidade de expressão do receptor ativador, NKG2D, em NK (p= 0,0402) (citometria de fluxo), na EDT, e particularmente, na subpopulação CD56brightCD16+ (p= 0,033) nos estádios iniciais, indica maior potencial de ativação das células NK na EDT, e nos estádios iniciais da doença. Observamos deficiência de citotoxicidade pelas células NK, na EDT (p= 0,0144) (cocultura e citometria de fluxo), principalmente em estádios avançados (p= 0,0115), em concordância com a literatura. A citotoxicidade pelas células NK, na presença de estímulo com células alvo bloqueadas para MICA (mimetizando o efeito de sMICA), foi menor apenas em estádios iniciais, na comparação ao estímulo sem bloqueio (p= 0,0313), e menor também em relação ao grupo CTR (p= 0,0181). Esses dados, juntamente com a correlação negativa entre os níveis de sMICA e a expressão de NKG2D nas células NK (CD56brightCD16+ , r= -0,6, p= 0,0167), sugerem que os altos níveis de sMICA podem inibir a expressão de NKG2D e, consequentemente, a função efetora das células NK, principalmente nos estádios iniciais da doença, quando detectamos maior expressão de NKG2D nas células NK. A maior expressão de IFN- na EDT (cocultura e citometria de fluxo), na condição basal, sem estímulo, é concordante com a condição inflamatória da doença, em curso. No entanto, na condição de estímulo, houve menor expressão de CD107a (CD56dim, p= 0,0308), IFN- (CD56bright , p= 0,001) e IL-10 (CD56bright , p= 0,0222) (cocultura e citometria de fluxo), na EDT, indicando deficiência nas respostas efetora e imunorreguladora de células NK, quando desafiadas. O bloqueio para MICA, in vitro, não alterou a expressão dessas moléculas, nas células NK, em nenhum dos grupos, sugerindo que sMICA não afeta, de forma robusta, a expressão dessas moléculas (cocultura e citometria de fluxo), ao menos no contexto in vitro. No entanto, a correlação negativa entre os níveis de sMICA e a expressão de CD107a (CD56bright, r= -0,7, p= 0,0057), observada apenas na EDT, sugere que, in vivo, sMICA tenha um efeito negativo na via de degranulação, possivelmente, em combinação com outros distúrbios imunológicos na doença. Em conjunto, os nossos resultados apoiam o envolvimento MICA na fisiopatologia da EDT, e de sMICA contribuindo para a deficiência da atividade citotóxica das células NK. MICA pode exercer papeis tanto pró-inflamatório como imunorregulador, contribuindo para geração/manutenção de um contexto biológico misto, de inflamação descontrolada e imunossupressão, prejudicando a eliminação adequada de tecidos endometriais ectópicos e no reestabelecimento da homeostase |