Percepção de surdos adultos sobre o atendimento em saúde

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Pereira, Patricia Cristina Andrade
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
RH
SUS
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6135/tde-08112023-150221/
Resumo: Objetivo. Descrever e analisar experiências vivenciadas por pessoas surdas, usuárias de Língua de Sinais Brasileira (LIBRAS), em seu atendimento ambulatorial de saúde nos setores público e privado. Métodos. Trata-se de uma pesquisa exploratória, de caráter analítico-descritivo, realizada com 25 membros da Comunidade Surda e do sistema de saúde do Município de São Paulo. As entrevistas foram realizadas em LIBRAS, os entrevistados foram filmados e seus depoimentos foram traduzidos e transcritos para o português. A amostra de sujeitos foi composta a partir da técnica snow-ball e o número de sujeitos foi definido a partir dos pontos de saturação dos dados obtidos com as entrevistas. Resultados. Os resultados demonstraram que a Comunidade Surda, usuária da língua de sinais, enfrenta muitas barreiras de infra-estrutura, culturais e lingüísticas. Eles foram organizados em três grandes categorias: o acesso, a comunicação e informação, conjuntamente, e por fim, a privacidade. Na primeira categoria, as barreiras descritas pelos entrevistados foram ordenadas e apresentadas concernentes ao momento da pré-consulta à pós-consulta. Ainda como parte da categoria acesso, e de modo independente, discute-se o grau de satisfação desses usuários com relação ao seu acesso às redes pública e privada. Na segunda categoria de análise, são discutidas as questões referentes à comunicação e ao direito à informação em saúde, quais as estratégias por eles recomendadas, e quais utilizadas no cenário atual. Também se apresenta o que se entende por informação em saúde, tanto sobre serviços de saúde vistos como direito de saúde do usuário quanto ao princípio bioético, demonstrando evidências de que os sujeitos surdos não têm acessado informações relevantes para promoção do auto-cuidado, nem têm aderido a tratamentos e programas vigentes hoje, principalmente devido a dificuldades ou a ausência da comunicação. Atualmente, os surdos preferem consultar o médico estando acompanhados de um familiar ou amigo, mas apontam grande descontentamento, por terem seu processo de emancipação tolhido e por estarem cansados de dependerem de outros. Idealizam a presença de tradutores-intérpretes de LIBRAS. A última categoria analisada· foi a privacidade. Para a grande maioria, a privacidade \'não foi apontada como uma preocupação nos discursos dos sujeitos, contudo, aqueles que tratam do tema atentam para problemas relacionados a três atores sociais: o familiar que o acompanha, p profissional tradutor-intérprete e o ouvinte em geral. Conclusões. O estudo exploratório nos convida a refletir sobre muitos aspectos ainda pouco explorados pela literatura brasileira. Os usuários do sistema de saúde que podem vir a se utilizar da língua de sinais não estão sendo contemplados pelo sistema em suas especificidades, conforme o princípio de universalidade do SUS. Além disso, acredita-se que ao superar as barreiras advindas da surdez, outros problemas específicos surgirão e que muitos são passíveis de serem evitados ou mitigados mediante o treinamento de recursos humanos da rede de saúde, de estudos que aprofundem o conhecimento dos muitos aspectos relacionados à questão aqui abordada.