Instrumento breve para triagem do comprometimento cognitivo em pacientes com esclerose múltipla para o contexto brasileiro: estudos com diferentes medidas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Spedo, Carina Tellaroli
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17140/tde-06012017-094520/
Resumo: Introdução: O comprometimento cognitivo (CC) na Esclerose Múltipla (EM) possui taxas de prevalência de 43% a 70% e pode surgir desde a Síndrome Clinicamente Isolada (CIS) aos estágios iniciais da EM. O CC na EM pode evoluir independentemente dos sinais e sintomas motores, dos resultados do EDSS e ausência de lesões ativas (captantes) na Ressonância Magnética. Neste contexto, o Multiple Sclerosis National Questionaire (MSNQ) e o protocolo Brief International Cognitive Assesment for Multiple Sclerosis (BICAMS) são instrumentos internacionais empregados para a triagem e o monitoramento nos centros de atendimento para os pacientes com EM. Estudos posteriores e reuniões do mesmo comitê concluíram que o MSNQ possui várias limitações por ser uma medida não objetiva e a triagem única pelo Symbol Digit Modalities Test (SDMT) por si só não é capaz de acessar outras áreas que podem estar comprometidas na EM. Com a segunda revisão do MMSE, e na falta de instrumentos de triagem objetivos capazes de triar os pacientes que precisassem ser melhor acompanhados pelo BICAMS, buscou-se no presente estudo criar a partir do BICAMS e do MMSE-2 uma medida rápida para triagem, que tivesse medidas de memória episódica, velocidade de processamento, atenção e memória operacional. Objetivo: Para obter uma ferramenta de triagem para este propósito (MMSE-MS) foram conduzidos estudos de adaptação segundo o estímulo: estudo de protótipos, estudo de adaptação, propriedades psicométricas e normas do MMSE-2 (como a nossa ferramenta experimental) e estudo preliminar de desenvolvimento de uma ferramenta objetiva de triagem para EM, com base no MMSE-3. Métodos: Todos os estudos de tradução e adaptação foram conduzidos seguindo um mesmo método, já amplamente utilizado pela literatura. O primeiro estudo consistiu no estudo convencional e de protótipos para verificar qual possuía melhor estimativa de equivalência entre as culturas. O segundo estudo consistiu em adaptar, verificar as propriedades psicométricas e estabelecer normas para o MMSE-2. Similarmente ao estudo anterior, um juiz internacional discutiu os resultados do estudo de adaptação para estabelecimento dos parâmetros de transculturalidade. O último estudo foi realizado com o objetivo de obter uma ferramenta com estimativas de sensibilidade e especificidade similares ao BICAMS, mas que fosse designada à triagem dos pacientes que são elegíveis para ser acompanhados pelo BICAMS. Para tal participaram do primeiro estudo, 374 voluntários da comunidade e 25 pacientes com EM. No segundo e terceiro estudo, participaram 128 pacientes com EM e 602 voluntários saudáveis. Todos os estudos clínicos e com as amostras da comunidade foram realizados no período de 2013 à 2015 e contaram com a parceria em pesquisa do Instituto Brasileiro de Neuropsicologia (IBNeuro) e do Laboratório de Instrumentação e Avaliação Psicológica (LABIAP). A coleta de pacientes foi realizada no Ambulatório de Neuroimunologia do Hospital das clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Perto (FMRP-USP). Resultados: No primeiro estudo, foram mantidas 5 palavras das 15 da versão original. A razão para as modificações na lista Brasileira foram as diferenças entre a divisão silábica, extensão das palavras e presença de protótipos. Verificou-se ainda que até a quarta palavra evocada na nossa cultura em cada categoria semântica foram as mesmas que foram evocadas na língua nativa do instrumento, mas a ordem da frequência variou dentro de cada categoria, mostrando que embora existam palavras que são prototípicas às duas culturas na classificação semântica global, o contexto cultural interfere muito quando partimos para as especificidades dentro de cada classificação e categoria semântica. O MMSE-2 também apresentou estimativas de validade e precisão comum às duas culturas. No quarto estudo, as medidas do MMSE-2 que tiveram melhor relação com o BICAMS e índices de sensibilidade e especificidade parecidos foram as medidas da tarefa de evocação, atenção e cálculo, memória de histórias e codificação dígitos-símbolos. As correlações selecionadas foram aquelas classificadas em moderadas e fortes. Como segundo critério, as medidas do MMSE-2 foram comparadas às medidas do BICAMS pela curva ROC. As medidas do MMSE- 2 que tiveram especificidade e sensibilidade significativas (p<0,001) foram as elegíveis para compor o teste de triagem. Como a tarefa de codificação dígitos-símbolos é susceptível à demanda motora, optou-se pelo uso da forma oral do SDMT em conjunto. Deste modo, no nosso instrumento de triagem, normas para este instrumento foram criadas a partir da soma dos itens do MMSE-MS com o SDMT oral. Conclusão: A integração de dados desses diversos estudos evidencia cautela quanto aos procedimentos de adaptação empregados para adaptação transcultural das tarefas que são de origem verbal e semântica. Há também evidências da necessidade de instrumentos capazes de triar esses pacientes. Para tal, o MMSE-EM mostrou-se válido, preciso, com índices de sensibilidade e especificidade similares ao BICAMS, com normas ajustadas ao contexto Brasileiro.