Valor econômico da água na suplementação hídrica da agricultura brasileira: aplicação de um modelo multissetorial de crescimento

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Santos, Péterson Felipe Arias
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11132/tde-19062020-122615/
Resumo: Apesar de possuir uma das maiores reservas água doce do mundo, o Brasil apresenta uma elevada concentração deste recurso hídrico na região norte, de modo que existe relativa escassez no atendimento de diferentes demandas, entre as quais a irrigação, o abastecimento humano e para uso industrial. No país, assim como em diversos locais do mundo, têm surgido propostas e implementações de políticas de cobrança pelo uso da água que, inevitavelmente, passam pela atribuição de um valor econômico para a mesma. A presente tese buscou, então, obter uma estimativa do valor econômico da água utilizada para suplementação hídrica das lavouras brasileiras, por meio de um modelo multissetorial de crescimento com poupança endógena em que se permitiu uma abordagem regional. O modelo foi calibrado para o ano de 2005 por meio de uma matriz de contabilidade social com discriminação da remuneração da água, e por meio de um exercício de decomposição do crescimento. Como resultado, obtiveram-se valores da água por meio de dois conceitos distintos existentes em uma perspectiva intertemporal: sua remuneração-sombra e seu preço-sombra. O primeiro pode ser associado diretamente aos valores presentes em políticas de cobrança pelo uso da água no Brasil, enquanto o segundo possui maior relevância do ponto de vista macroeconômico, pois permite obter o valor econômico de toda água utilizada no ano de referência, e está associado teoricamente à dinâmica do estoque de capital físico da economia justificando, assim, a metodologia empregada. Especificamente, maiores valores tanto de remuneração quanto preço-sombra foram identificados no grupo de \"outras lavouras\" - ou seja, lavouras que não correspondam às produções de arroz e de cana-de-açúcar - do centro-sul brasileiro, englobando, portanto, grande parte da moderna fronteira agrícola. Por outro lado, pequenos valores foram obtidos para a cana-de-açúcar também no centro-sul, que é a maior demandante de água do país, refletindo características agronômicas e institucionais presentes no setor, como o caráter desejável da restrição hídrica ao longo do desenvolvimento da cultura, e a grande disponibilidade de água cuja origem é a vinhaça que, por aspectos legais, acaba lançada à lavoura. Os resultados sugerem que políticas de cobrança possam adotar, além do critério regional, a própria atividade para qual a água se destina como determinante para o valor a ser exercido. Em termos do valor do estoque de água utilizado, a maior parte encontra-se nas produções de arroz e no grupo de outras lavouras, com pequena representatividade da produção de cana-de-açúcar.